Madalena bate recorde do Guinness com 812 pessoas a bailar a chamarrita
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O estádio municipal da Madalena, na Ilha do Pico (Açores), pareceu pequeno para todos os que quiseram assistir ao vivo não só ao nascimento de um recorde, mas também ao regresso deste a mãos portuguesas.
A história começou em 2015, quando 544 bailarinos se juntaram neste mesmo estádio para estabelecer o recorde de maior dança folclórica portuguesa. A marca esteve no Pico até setembro do ano passado, mês em que voou para o Canadá para passar a pertencer a um grupo que reuniu 746 pessoas.
Era esse o número a bater nesta roda de chamarrita, uma dança típica do arquipélago dos Açores, que levou centenas ao campo relvado. A entrada fez-se com alguns encontrões e, ainda antes de chegar ao destino, Alvino Silveira já dizia à TSF o que faz um bom bailarino.
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"É preciso saber, é preciso ensaiar e é preciso não ter sacos nos pés. Os pés têm de andar leves, sim. Há alguns que nem sequer sabem mexer um pé, mas estão aí, pronto", e era com ele que iriam partilhar o palco.
Já Graça Diogo, que está nos Açores há 30 anos, prefere ficar apenas a assistir, até porque os ritmos que a fazem bailar são outros, apesar de "apreciar muito" a chamarrita: "Gosto muito de ver, mas a quem sabe dançar. Eu sei dançar é valsas e tangos porque sou do continente, de Vila Franca de Xira."
Foram precisas duas horas para todos os dançarinos se reunirem sob o olhar atento de Pravin Patel, responsável do Guinness World Records que aterrou no Pico vindo de Londres para certificar o procurado recorde.
E enquanto Patel ia andando às voltas, como se fosse um inspetor da polícia, uma voz pedia mais e mais. "Estamos mesmo quase, já tive agora a informação de que estamos mesmo, mesmo quase. Precisamos de mais uns pares, vá lá."
Quem falava era Rui Martins, um dos organizadores, que não escondia a impaciência nem o nervosismo. "Isto são muitos meses de trabalho para este dia e há coisas que podem correr mal. Não é só por causa do número de pessoas, é por algum pormenor que nos falhe e eles podem não nos deixar ficar com o recorde."
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De todas as idades e vindos também de outras ilhas que não a do Pico, entre os bailarinos estava até o Secretário Regional das Finanças - ou, diga-se, o Ministro das Finanças - dos Açores, Duarte Freitas, para dar um pezinho de dança que até "ajuda a gerir melhor" o dinheiro público.
A inspiração vem dos bailes de roda que se organizam, ao fim de semana, "nestas ilhas, onde as tradições estão muito vivas" e que são "muito importantes, não só para a socialização, mas também para quem tem responsabilidades no dia a dia, sejam quais forem as funções, para poderem limpar a cabeça e recomeçar na segunda-feira cheios de energia".
Contas feitas, dançou-se durante cinco minutos. Depois disso, ainda foi precisa meia hora para fazer contas, mas Pravin Patel lá tomou conta do microfone para dar voz ao resultado de tanto rodopio: "Eight hundred and twelve!"
É o número mágico: 812 pares dançaram e desbloquearam um entusiasmo geral que vai ficar na ilha verão dentro. O recorde voltou.
