Maddie McCann: "Dezasseis anos depois ainda é possível recolher muita informação"
Novas buscas relacionadas com o desaparecimento de Madeleine McCann, há 16 anos, começaram, esta manhã, na barragem do Arade, em Silves, envolvendo dezenas de agentes. Duarte Nuno Vieira, antigo presidente do Instituto de Medicina Legal, explica na TSF o que pode resultar destas operações.
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As buscas estão a ser realizadas pela Polícia Judiciária e acompanhadas por autoridades inglesas e concentram-se na bacia do Arade, a cerca de 50 km do local de onde desapareceu a menina inglesa, que na altura tinha três anos.
Os trabalhos da polícia decorrem numa zona a cerca de um quilómetro do local onde está montada a base logística das operações que envolvem barcos e mergulhadores dos bombeiros, longe dos olhares dos jornalistas.
A TSF ouviu Duarte Nuno Vieira sobre as expectativas que estas buscas podem trazer à investigação. O antigo presidente do Instituto de Medicina Legal adianta que "16 anos depois, o que poderemos contar será com restos, caso venham a ser detetados, e vestígios de algum objeto pessoal, ou de algum resto de vestuário que pode estar, ainda, relativamente reservado. Mesmo 16 anos depois, é possível obter muita informação. Desde logo, se forem encontrados restos mortais, se pertencem a Maddie ou não. A partir daquilo que os ossos evidenciarem, e após os estudos antropológicos que serão feitos, também se pode apurar se foi vítima de sevícias".
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O local onde decorrem as buscas costumava ser frequentado por Christian Brueckner, suspeito do desaparecimento de Maddie. Brueckner, 45 anos, está a cumprir pena em Kiel (Alemanha) por outro crime, mas foi também acusado em outubro do ano passado pela justiça alemã de três crimes de violação e dois de abusos sexuais de crianças em território português, alegadamente cometidos entre 2000 e 2017. Embora as acusações contra Brueckner não estejam ligadas ao caso Maddie, os investigadores alemães têm vindo, desde 2020, a apontá-lo como o principal suspeito do desaparecimento e alegado homicídio da criança britânica. O suspeito negou qualquer envolvimento no caso.
Apesar do otimismo na recolha de informação que possa ser útil para a investigação, Duarte Nuno Vieira não dá por garantida a certeza sobre o que aconteceu a Maddie McCann. Ainda que venham a ser encontrados restos mortais de criança inglesa, a causa da morte pode não ser apurada. "A não ser que a causa de morte tenha tido uma componente traumática e que aí se possa detetar algum vestígio. Há muitas causas de morte, que não tendo interferência ou envolvimento ósseo, podem, nesta fase, já não ser apurado do ponto de vista pericial, a partir da análise dos restos mortais".
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Madeleine McCann desapareceu no dia 3 de maio de 2007, pouco antes de completar o seu quarto aniversário, quando passava férias com os pais e irmãos na Praia da Luz, em Lagos, Algarve.