Assinala-se esta quarta-feira o Dia Mundial da Consciencialização sobre o Autismo. Estima-se que em Portugal, uma em cada 100 crianças são diagnosticadas com síndrome de autismo
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O transtorno do espectro autista, uma alteração no desenvolvimento neurológico, que se inicia na infância, e é caracterizado por dificuldades de comunicação e padrões de comportamentos, interesses e atividades que tendem a ser restritos e repetitivos.
Neste dia mundial da consciencialização sobre o autismo, duas mães contam na primeira pessoa, à TSF, testemunhos das suas experiências de vida com os filhos autistas, e de quanto podem servir de lição de vida para outras famílias.
Rosely Lopes é mãe de uma menina com seis anos, a quem foi diagnosticado o espectro do autismo.
“A minha filha, com cinco dias, percebi algo nela. Hoje tem um diagnóstico com autismo, porque corri muito, fui à busca de informação e agora é seguida no Porto e também em Mirandela, onde resido, e os médicos foram excelentes, mas nós precisamos, dentro da escola, de pessoas que possam ajudar essas crianças”, alerta Rosely, que não esconde que os pais destas crianças vivem preocupados com a falta de técnicos especializados nas escolas para lidarem com alunos que apresentem este diagnóstico.
“Na escola, a gente percebe a dificuldade que eles têm em saber lidar com a situação de crise, porque eles têm crises, choram, mas os funcionários pensam que a criança tem uma birra, mas não, é uma crise que eles têm ali o momento deles, mas nas escolas os funcionários não sabem lidar”, afirma.
Também Diana Quitério tem um filho de seis anos com autismo e sentiu na pele a falta de apoio e de informação sobre o tema.
“Quando nos cai o diagnóstico em cima, nós não sabemos o que fazer”, diz.
“Senti muita falta de apoio, de acompanhamento e então comecei a estudar muito sobre isso, o que mais estudei foi a parte da neurociência, porque queria saber como é que podia ajudar o meu filho a falar, a interagir. E há muita falta de informação nesse sentido”, conta.
Diana entende que existem muitas lacunas nas áreas da saúde e da educação no acompanhamento das crianças com autismo. Esta mãe diz que falta sobretudo “estimular” estas crianças.
As pessoas acham que o autismo é uma criança que fica isolada num canto sem estar a agir. Não é assim. Ela fica no canto se não for estimulada na altura certa e nós, atualmente, temos pouca estimulação nos nossos filhos. Eles têm uma vez por semana ou duas vezes por semana uma hora ou meia hora de tratamento na parte clínica. Na escola têm uma, duas, três horas, no máximo por semana. É melhor que nada, só que, quanto mais estimulação tiverem, mais evolução vão ter.
“Para ter noção, eu sentei-me no chão durante meses a brincar com o carrinho à espera que ele viesse a ter comigo. Porque a única coisa que ele fazia era correr de um lado para o outro. Pequenas coisas que fizeram toda a diferença para que ele evoluísse, para que eu o entendesse e acima de tudo para que eu o aceitasse tal qual como ele é. Acho que isso faz toda a diferença. Nós, enquanto pais, temos que aceitar os nossos filhos. Independentemente de serem autistas ou o que quer que seja. E muitas das vezes o que eu noto é que nós estamos tão ocupados no nosso dia-a-dia que o simples facto de olhar nos olhos do nosso filho não existe. E acho que dizer isto aos pais é importante. Dizer isto a uma sociedade é importante”, afirma.
São as críticas de quem sente na pele a falta de apoio e de acompanhamento a vários níveis dos seus filhos autistas.
