MAI avisa para "pico de calor" e espera pelas "chuvas" para fazer balanço dos fogos
José Luís Carneiro alerta que a próxima semana traz temperaturas e muito altas e pede que se evite o uso do fogo.
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A querer guardar para "as chuvas do outono e do inverno" o balanço da área ardida nos incêndios deste verão, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, avisa que, já na próxima semana, o país vai voltar a atravessar dias que juntam temperaturas muito elevadas e "momentos de seca extrema".
"Entre o dia 20 e o dia 25 de agosto vamos ter temperaturas de novo muito quentes e momentos de seca extrema no país. O apelo que faço é para que mais uma vez se procure evitar o uso do fogo, seja para uso doméstico, agrícola, florestal, seja no uso de máquinas agrícolas ou florestais", avisou na serra de Montejunto, onde esteve na manhã desta quinta-feira com a ministra da Defesa, Helena Carreiras.
Reforçando que "vamos ter de novo um pico de calor e vamos estar expostos de novo a um grande risco", o ministro da Administração Interna revelou que entre o início do ano e a última sexta-feira foram feitas "51 mil patrulhas" por parte de "centenas de militares das Forças Armadas e milhares da Guarda Nacional Republicana, que estão empenhados na fiscalização".
Nesse sentido, José Luís Carneiro aproveitou para agradecer à ministra da Defesa o "empenhamento das forças militares para cooperarem com as forças da GNR e com o dispositivo nacional de Proteção Civil", estendendo a gratidão aos autarcas da região do Cadaval.
"O reforço do patrulhamento e da fiscalização com as Forças Armadas e com as forças da GNR tem permitido maior eficácia, nomeadamente na deteção do incendiarismo. Nesta semana foi feita a detenção do responsável por vários incêndios nesta região", apontou.
O homem, de 31 anos, é suspeito da autoria de vários incêndios na serra do Montejunto, nos concelhos do Cadaval e Alenquer (Lisboa) e foi detido pela Polícia Judiciária (PJ), anunciaram esta quarta-feira a GNR e a PJ. Em comunicado, as forças policiais revelam que o suspeito usava "artefactos preparados para retardarem a ignição".
Já depois da divulgação da nota, em conferência de imprensa, o diretor da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo da PJ, João Oliveira, adiantou que o suspeito, que estava a ser "investigado desde há vários meses", foi detido em flagrante delito.
O homem, acrescentou o responsável, está ligado ao setor da construção civil, agia sem quaisquer interesses económicos e apenas por "motivos de natureza fútil", que apelidou de "mitomania".
Na nota divulgada ao início da última tarde era referido que investigação da PJ, desenvolvida em articulação com a GNR, ainda não apurou o número exato de fogos que o suspeito terá ateado, mas todos terão ocorrido "em zona florestal, confinante com zona urbana" e "teriam atingido proporções mais gravosas caso não tivesse havido rápida intervenção dos meios de combate".
"A atuação do suspeito colocou em perigo a integridade física e a vida de pessoas, provocou riscos ambientais relevantes, para além de ter provocado elevados custos no emprego de meios e recursos no combate aos diversos fogos e à supressão das ignições", lê-se na nota.
Nos últimos dois meses, a serra do Montejunto foi devastada por vários incêndios, um deles ocorrido no dia 3, na localidade de Póvoa, na freguesia de Cadaval e Pero Moniz, e que chegou a mobilizar 146 operacionais, 44 veículos e seis meios aéreos.
Em 12 de julho, um outro fogo deflagrou na Espinheira, também no concelho do Cadaval, e só foi dominado ao fim de nove horas de combate, tendo envolvido mais de meio milhar de bombeiros, centena e meia de veículos e 13 meios aéreos.
Nos dois incêndios, arderam cerca de 402 hectares, disse na altura o comandante sub-regional do Oeste, Carlos Silva, à Lusa.