Jerónimo de Sousa entende que as responsabilidades políticas do processo Tancos devem ser apuradas, mas não num momento em que a campanha está na reta final.
Corpo do artigo
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, admitiu esta manhã, durante uma arruada no Barreiro, que o caso de Tancos "algum efeito terá" nos resultados do Partido Socialista nestas Legislativas, que segundo apontam as sondagens ficará longe da maioria absoluta.
O líder comunista reafirmou que as responsabilidades políticas do caso Tancos têm de ser esclarecidas e investigadas mas não agora, na reta final da campanha.
"Os portugueses não entenderiam como é que se fazia uma deriva, isolando e desvalorizando estas ações de campanha, que ainda são importantes e podem convencer muita gente", explicou o secretário-geral do PCP.
Questionado sobre se Tancos pode ter tirado a maioria absoluta ao PS, Jerónimo de Sousa disse "não ser capaz de avaliar" a situação, uma vez que o PCP "não é protagonista" no processo. Ainda assim, reconhece: "Algum efeito terá tido."
O caso deve, reforça Jerónimo de Sousa, ser "esclarecido e investigado" e revela uma preocupação especial: "Que esta situação não ensombre o grande objetivo que estas eleições têm, de eleger deputados para a Assembleia da República."
Precisamente de olhos postos no próximo domingo, o secretário-geral do PCP reiterou a confiança num bom resultado da CDU nas eleições legislativas, desdenhando até das sondagens por preferir o contacto com as pessoas na via pública.
"Mantém-se a confiança porque é uma campanha que tem vindo em crescendo, com participação, entusiasmo e confiança. Vamos aguardar a decisão do povo português, com a confiança de que a CDU tem a perspetiva de se reforçar para os combates tão difíceis que aí vêm", disse Jerónimo de Sousa.
Sobre a possibilidade de o PCP poder vir a ser apoio parlamentar suficiente para o PS voltar a formar Governo, o líder comunista não se quis comprometer.
"Essas contas apressadas, geralmente, dão mau resultado. Andamos a fazer sondagens todos os dias no contacto direto com os eleitores, com as pessoas. O sentimento que tenho e os meus camaradas me transmitem nesta campanha de âmbito nacional é de grande confiança, com uma aceitação muito grande, o reconhecimento pelo papel que a CDU teve nestes quatro anos. São elementos que nos dão confiança, é esta a nossa sondagem", afirmou.
Jerónimo de Sousa reconheceu que "nem sempre" a "mensagem passa, mas, ao longo da vida de quase 100 anos de história do partido, nunca houve "uma vida fácil".
"Lembro-me de campanhas anteriores em que a acusação que faziam era a de que o PCP era um partido de protesto, agora é de construção, de intervenção. Essas afirmações de António Costa só as entendo tendo em conta a atitude, o posicionamento, as propostas construtivas que assumimos durante este tempo, demarcando-nos, criticando e divergindo do PS em relação a matérias de fundo. Mas tem sido este papel que acaba por levar ao reconhecimento, já não digo de António Costa, mas de muitos milhares de portugueses", continuou, questionado sobre os elogios do primeiro-ministro aos comunistas.
Em relação à sua continuidade à frente do PCP, inquirido sobre se esta seria a sua última grande campanha eleitoral nacional, uma vez que pode vir a abdicar da liderança no próximo Congresso Nacional do final do ano de 2020, o secretário-geral comunista também foi evasivo.
"A questão não está colocada, nem por mim nem pelos meus camaradas. Agora é andar para a frente nesta campanha", concluiu.