O estudo anual do Observatório Cetelem, que analisou a moral da população no período pós-eleições, revela que 2011 está a ser um ano difícil a avaliar pelas tendências negativas do consumo.
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Numa escala de zero a dez, a média dos 600 inquiridos dá nota de 3,3 à situação económica portuguesa já em período pós-eleitoral.
De acordo com os dados recolhidos para perceber as tendências e o comportamento de consumo para os próximos meses, a situação é considerada «má», e começa logo com a Educação.
Pela primeira vez o estudo anual inclui a variável do regresso às aulas e conclui que os portugueses pretendem gastar menos, em média 500 euros nas despesas com a Educação, como explicou à TSF, Diogo Basílio, um dos responsáveis do Observatório Cetelem.
«Pretendem gastar em média cerca de 500 euros, que vão em primeiro lugar para despesas com vestuário e calçado, em segundo lugar para despesas com equipamento desportivo e em terceiro para os materiais escolares, propinas, etc.», revelou.
Os dados revelam ainda que 90 por cento dos inquiridos tem filhos a estudar no ensino público e apenas dez por cento no privado, sendo que por razões financeiras um terço destes tenciona mudar os filhos para a escola pública já no inicio do ano lectivo.
«A razão é sempre a mesma: motivos financeiros. Estamos a falar de portugueses com filhos no ensino privado e como o rendimento disponível das famílias está a diminuir, as pessoas têm necessidade de poupar em tudo o que conseguem. E, transferir um filho do ensino privado para o público é uma forma de poupar rapidamente bastante dinheiro», explicou Diogo Basílio.
«Ou seja, um em cada quatro inquiridos pretende mudar o seu filho de ensino», acrescentou.
Quanto a outras despesas, a crise é visível nas intenções e poupanças negativas, apesar da maioria reconhecer a necessidade de poupar.
«O que existe aqui é uma redução das intenções de despesa e também das poupanças, mas reduzem as duas porque os portugueses não têm dinheiro nem para gastar nem para poupar. Esta é uma das principais conclusões do estudo», sublinhou.
As classes sociais mais desfavorecidas são as mais pessimistas mas a moral dos portugueses não é melhor por escalão etário, apesar de algum optimismo manifestado pelos jovens.
A fraca confiança nos mercados para resolver o caso vai-se acentuando à medida que avança a idade dos inquiridos, a desmotivação acentua-se a partir dos 35 até aos 65 anos.
Ficha Técnica:
Este estudo, que teve a colaboração da consultora Nielsen, foi feito no continente, a 600 pessoas com mais de 18 anos, entre 27 e 29 de Junho. O erro da amostra é de 0,4 para um intervalo de confiança de 95 por cento.