Mais alunos repetem o ano: Conselho das Escolas atira culpas à "falta de professores"
O relatório "Estatísticas da Educação" revela que as taxas de retenção no 2.º, 5.º, 6.º e 9.º anos continuam a subir desde 2020
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O presidente do Conselho das Escolas (CE) está preocupado com o aumento do número de chumbos nas escolas portuguesas. Em declarações à TSF, António Castel-Branco atira culpas à falta de professores e ao pouco conhecimento da língua portuguesa por parte dos alunos estrangeiros, que diz serem cada vez mais.
O dirigente mostra-se preocupado com os resultados deste relatório, citado pelo Jornal de Notícias, e entende que tudo se deve, sobretudo, à falta de professores. "Depois da pandemia, as escolas implementaram planos de recuperação de aprendizagem, mobilizando apoios para os alunos que ficaram em casa", porém, "com a falta de professores, não se pode dar esses mesmos apoios", começa por explicar o presidente do CE. Isto leva a que os alunos fiquem sem aulas durante "longos períodos, em algumas escolas", o que acaba por refletir-se nas aprendizagens necessárias para a avaliação, nomeadamente em final de ciclo.
O presidente do Conselho das Escolas, órgão que representa as escolas públicas junto do Ministério da Educação, entende que a contribuir para a taxa de chumbos está também a entrada de mais alunos estrangeiros nas escolas portuguesas, sobretudo os que vêm de países onde não se fala português. "Os primeiros, mesmo ao fim de um ano em Portugal, não dominam o português [ao ponto de poderem] fazer os exames", e os segundos, "imigrantes que vêm dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa] e do Brasil, terminam lá, por exemplo, o 8.º ano em dezembro e depois, quando chegam cá em fevereiro, vão logo para o 9º ano". Para o presidente do Conselho Nacional de Educação, "é óbvio que estes alunos não têm as aprendizagens essenciais para passar" de ano.
Os dados do relatório "Estatísticas da Educação" mostram que a subida da taxa de chumbos foi maior entre os alunos do 9.º ano, com 6,9%, no último ano letivo. O número tem vindo a subir desde a pandemia, em 2020. Ainda assim, a taxa de retenção no final do 3.º ciclo está longe dos 11% registados em 2015.
À saída do 2.º ciclo, no 6.º ano, os chumbos estão a subir desde 2021, quando a taxa foi de 2,3%, e fixaram-se agora em pouco mais de 4%. Um ano abaixo, no 5.º ano, a taxa de chumbos subiu um ponto percentual em relação a 2020 e no 2.º ano essa subida não chegou a um ponto percentual. Foi dos 3,2% para os 4%.
Em sentido contrário está o 12.º ano, onde a taxa de retenção dos alunos caiu a pique desde 2020, dos 23,2% para os 10%.
