Mais de 1220 horários em falta nas escolas: concelho de Sintra é dos mais afetados
Em declarações à TSF, José Feliciano Costa, secretário-geral da Fenprof, considera que há “um conjunto de horários por preencher muito superior ao do ano passado” e pede ao Governo uma “valorização da carreira” dos professores para resolver este “problema”
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Com o novo ano letivo à porta, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) alerta que o concelho de Sintra é um dos que tem mais horários por preencher e que não há professores disponíveis para estas vagas. Em declarações à TSF, José Feliciano Costa, secretário-geral da Fenprof, explica que só na Área Metropolitana de Lisboa existem “635 horários” por integrar. O líder da organização sindical adianta que, no que toca a estes números, existem também nos distritos de Setúbal 218 horários em falta, 79 em Beja e 47 em Faro.
“Estes [horários] são aqueles que, de certeza absoluta, já não há candidatos nas reservas de recrutamento, ou seja, não há professores nestas áreas disciplinares. Estamos a falar de 1228 horários, metade estão no distrito de Lisboa: os Agrupamentos de Escolas mais complicados são o Dr. Azevedo Neves, na Amadora, com 41 horários em falta, o Agrupamento de Escolas Queluz-Belas com 40, Aqua-Alba, na Agualva-Cacém, que tem 30 horários e o Agrupamento de Escolas Ruy Belo, em Sintra, com 28. São concelhos mais complicados, estou a falar de Amadora e Sintra”, explica.
Estes dados levam o líder da Fenprof a acreditar que o ano letivo vai começar com uma situação pior do que há um ano já que há “por esta altura um conjunto de horários por preencher muito superior ao do ano passado”. “Temos também três mil professores a menos do que no ano passado”, afirma, salientando que o “problema da falta de professores” é “complicado e que se vai agravando de ano para ano”.
As escolas continuam com três mil horários por completar. Neste sentido, o Governo anunciou através do ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, que vai abrir um concurso extraordinário com quase 1800 vagas para zonas com mais dificuldade em atrair docentes. A medida foi anunciada depois de uma reunião entre o Executivo e os sindicatos do setor para discutir o diploma que cria um regime excecional e temporário para contratar professores para as dez regiões do país com mais alunos sem aulas.
Ainda nesta reunião, a Fenprof explicou que o ministro da Educação adiantou que “nos próximos 25 anos vão aposentar-se, por ano, quatro mil professores”. Neste sentido, José Feliciano Costa pede ao Governo um sinal de valorização dos docentes visto que o cenário se agrava: “O que está a ser implementado é uma repetição do que aconteceu o ano passado. Há escolas com horas extraordinárias e é isso que vai acontecer com o agravamento da falta de professores, com o aumento deste indicador. As nossas expetativas eram iniciar um processo de valorização da carreira relacionado com a negociação do estatuto. Isso de facto começaria por atrair muitos professores que voltariam e talvez a resolução do problema começava por aí.”
O novo ano letivo nas escolas começa entre 11 e 15 de setembro.
