Há cinco anos que a utilização dos cheques não era tão reduzida.
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No ano de 2019, a taxa de desperdício dos cheques-dentista ultrapassou os 33%. Na prática, 106 mil de um universo de 312 mil beneficiários não utilizaram o cheque de 35 euros, correspondente, no total, a 3,71 milhões de euros, para tratar dos dentes.
O bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas defende, em declarações à TSF, que os pais devem ser responsabilizados "até financeiramente, para evitar que as crianças tenham cáries dentárias e outras doenças", à semelhança do que acontece "noutros países".
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Um estudo feito em 2018, nos centros de saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras, revelou que muitas crianças já estavam a ser tratadas fora do programa em causa e que muitos pais esqueceram-se, deixaram passar o prazo de validade ou perderam mesmo o cheque-dentista.
Orlando Monteiro da Silva defende que os vales não podem ser desperdiçados, pelo que os cheques-dentista não utilizados deveriam ser prioritariamente entregues a crianças que já se encontram no programa e necessitam de mais consultas.
Por outro lado, o bastonário considera também que o programa deve ser alargado "a crianças que estão a ser seguidas no ensino privado e às grávidas que não são seguidas no Sistema Nacional de Saúde", defendendo ainda mais "medidas de divulgação direta" desta oferta.
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A Ordem admite que pode haver um problema com o prazo dos vales e reconhece que os cheques-dentista são usados para consultas e tratamentos, mas nem todos os consultórios privados os aceitam. Cerca de metade dos dentistas não aderiram ao programa, pelo que há muitos doentes com ADSE ou seguro de saúde que acabam por não gastar o vale.
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A falta de literacia, em particular de famílias com problemas económicos e sociais, que desvalorizam a saúde oral ou que têm dificuldade em levar as crianças aos consultórios, é outra das razões apontadas por Óscar Monteiro da Silva para as dificuldades na execução do programa.