Em 2017, morreram 18 mulheres vítimas de violência.
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O Observatório das Mulheres Assassinadas da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) revela que, até 20 de novembro deste ano, 18 mulheres foram assassinadas e 23 foram vítimas de tentativa de homicídio. Desde 2004, quando o Observatório foi criado, foram mortas 462 mulheres.
Este é o registo mais baixo dos últimos 14 anos, mas Elisabete Brasil, diretora da área de violência da UMAR, pede cautela na análise destes dados.
"É o terceiro ano que registamos uma diminuição na incidência de femicídio, quer consumado ou na forma tentada. Congratulamo-nos com o facto, achamos que é uma evolução muito positiva, mas ainda é muito cedo para falarmos de uma tendência", defende.
De acordo com os dados revelados pelo Observatório, em média, foram verificados 1,6 homicídios por mês. Em 50% dos casos, o crime foi cometido pelo marido, companheiro, namorado e em 22% das situações pelo ex-marido, ex-companheiro, ex-namorado. A residência foi onde ocorreu a maior parte dos homicídios (83%), seguida da via pública (17%). Em nove dos 18 homicídios, a medida de coação aplicada foi a prisão preventiva e num caso a prisão domiciliária.
A dirigente desta associação feminista aponta o dedo à justiça pela forma como promove uma certa impunidade em relação aos crimes cometidos em contexto de violência doméstica.
"Muitas destas denúncias terminam em arquivo, algumas em suspensão provisória de processo, e naquelas que seguem para julgamento e que são condenatórias, terminam com penas suspensas", considera Elisabete Brasil, que fala de "uma certa impunidade, quer aos olhos da sociedade, quer aos olhos das próprias vítimas."