Mais de 500 escolas degradadas? Diretores lamentam "situação crítica" e pedem ao Governo que ponha "mãos à obra"
Filinto Lima sublinha a importância das condições de trabalho para o "sucesso escolar", lamentando que "muitos alunos" já tenham "sofrido muito" com esta realidade
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O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas (ANDAEP) denunciou esta quarta-feira um cenário "degradante" no que diz respeito ao estado de conversação destas instituições e apelou para que o Governo "ponha mãos à obra".
Estas declarações surgem após o anúncio do ministro da Educação que avançou esta terça-feira que existem mais de 500 escolas do ensino básico e secundário em Portugal em estado de degradação. Fernando Alexandre anunciou, por isso, um plano de investimento para a recuperação do parque escolar que não fique dependente apenas de fundos europeus.
À TSF, Filinto Lima diz esperar que esta reconstrução não seja como "as obras da Santa Engrácia, que se fala e depois não acontecem". O líder da ANDAEP sublinha a urgência da resolução desta problemática.
"Gostaria muito que este Governo deitasse rapidamente mãos a uma situação para a qual temos alertado há uns anos. É um apelo que eu deixo ao ministro e faço votos para que ponha termo a uma situação degradante em algumas escolas de há muitos anos", apela.
Filinto Lima destaca que as boas condições de trabalho de alunos e professores "são importantes para o sucesso educativo". O presidente da associação critica, por isso, o impacto que esta realidade tem tido nos estudantes.
"Há alunos que já sofreram muito em virtude das más condições que as escolas oferecem há muitos anos. Há alunos que já sofreram muito. E há alunos que se calhar não vão beneficiar dessas obras", lamenta.
O líder da ANDAEP insiste que "é preciso avançar" e realça que esta é uma "situação crítica", que está a par da "escassez de professores no sistema educativo nacional".
"É preciso encontrar soluções e pôr as mãos à obra", urge, pintando igualmente um retrato do estado em que se encontram muitas das escolas portuguesas: "A chuva entra nas salas de aula. Há um frio que não se aguenta. Há vidros partidos, caixilhos desadequados à função que desempenham, recreios que não são recreios. Há uma série de situações que necessitam de ser precavidas e as escolas de ser requalificadas no mais curto espaço de tempo possível."
Segundo a proposta de OE para o próximo ano, o Governo aumentou a verba destinada à Educação em 6,8%, prevendo-se uma despesa total consolidada de 7,47 mil milhões de euros.
Fernando Alexandre lembrou esta terça-feira que o OE2025 tem como objetivo garantir a igualdade de oportunidades para todos os alunos, apostando por isso na redução de alunos sem aulas, na valorização da carreira docente, na melhoria das aprendizagens, mas também investindo na modernização das escolas.
Além das obras dos edifícios degradados, a tutela tem como prioridade dotar as escolas com equipamentos tecnológicos, criando recursos digitais e reequipando as escolas com profissionais para modernizar as ofertas, explicou Fernando Alexandre.
O impacto orçamental da medida para investir na modernização das escolas será de 488,8 milhões de euros: 214 milhões para a melhoria da conectividade e capitação da gestão escolar; 188 milhões para os centros tecnológicos e especializados e 78,8 milhões para recursos educativos digitais e 7,2 milhões para as provas e exames nacionais.