Mais de 500 portuguesas abortaram em Espanha. Tempo legal em Portugal é "manifestamente pouco"
O número é relativo a apenas duas clínicas junto à fronteira, uma em Badajoz e outra em Vigo. Em declarações à TSF, a diretora da Associação Escolha sublinha: "Quem menstrua sabe que até ter noção de que poderá haver, ou não, uma gravidez decorrem pelo menos cinco semanas"
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Mais de quinhentas portuguesas abortaram em Espanha, no ano passado. O número é avançado pelo semanário Expresso e é relativo a apenas duas clínicas junto à fronteira, uma em Badajoz, outra em Vigo.
Só nestas duas clínicas foram feitos 530 abortos a mulheres portuguesas. A principal explicação tem a ver com o prazo para o aborto legal no nosso país. Em Portugal, o limite é de dez semanas, enquanto em Espanha o prazo chega às 14 semanas de gestação, e pode mesmo ir até às 22 semanas se estiver em causa a saúde da grávida ou em casos de anomalias graves no feto.
A diretora da Associação Escolha, que dá apoio à mulher e pessoa gestante durante uma Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), não estranha esta procura. Em declarações à TSF, Patrícia Cardoso considera que em Portugal o tempo limite legal para a realização de uma IVG é "manifestamente pouco": "Quem menstrua sabe que até ter noção de que poderá haver, ou não, uma gravidez decorrem pelo menos cinco semanas." Aponta ainda outros entraves, como a objeção de consciência.
O Expresso contactou outras clínicas espanholas que não avançam números, mas admitem que há portuguesas a irem a Espanha para interromper a gravidez, devido às limitações no prazo previsto para a IVG.
O PS já propôs o alargamento do prazo para as 12 semanas, enquanto o Bloco de Esquerda quer passar das dez para as 14 semanas, tal como acontece em Espanha.
