Em 2022, a Cruz Vermelha ajudou a localizar mais de 13 mil pessoas em vários países.
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De acordo com os dados do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, a maior rede humanitária do mundo, durante o ano passado perdeu-se o rasto a mais de 55 mil pessoas. Não há números concretos sobre a realidade portuguesa, mas o presidente da organização no nosso país revela à TSF que, em 2022, das 13 mil pessoas que foi possível localizar em todo o globo, cinco mil já voltaram a estar perto das famílias.
António Saraiva explica que, por cá, o papel da Cruz Vermelha é apenas de ligação entre as famílias e quem é encontrado. O restante processo resulta de uma colaboração permanente com outras entidades, como o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
"Em Portugal, localizamos e estabelecemos o contacto e depois o SEF desenvolve todo o restante processo, quer com a Cruz Vermelha Internacional, quer com os organismos congéneres, de acordo com aquilo que vai sendo localizado", afirma.
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Estes dados são avançados pela organização no Dia Internacional das Pessoas Desaparecidas e detalham que, em Portugal, a organização acompanha os familiares de 126 pessoas cujo rasto é desconhecido. Questionado sobre que parte do orçamento da organização está reservada para este trabalho, o dirigente aponta que não "é uma percentagem muito significativa", mas lembra que a nova direção, que está oficialmente em funções há pouco mais de um mês, está ainda "a fazer o levantamento de todas as despesas" para garantir "um orçamento equilibrado".
Em entrevista à TSF, António Saraiva reconhece que é difícil antever se vai haver uma tendência de crescimento nos próximos anos no número de desaparecidos. Mas o líder da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) destaca que não há dúvidas: em tempos de guerra, há sempre um padrão.
"Tudo tem a ver com o que venha a acontecer quer em termos de conflito, quer em termos de catástrofes. Aquilo que temos sentido é que, por vezes, há um pico. A questão da guerra, como aconteceu, catástrofes naturais... Por vezes registamos picos e depois no ano seguinte há um decréscimo. Não se pode definir uma tendência, porque ela depende muito das ocorrências que possam vir a acontecer", reforça António Saraiva.
Segundo a Agência Central de Rastreamento da Cruz Vermelha, mais de 195 mil pessoas estão desaparecidas em todo o mundo. Esta é apenas uma das áreas de atuação da organização, que também procura dar resposta às necessidades das famílias que vivem em maiores dificuldades. António Saraiva lembra que, em Portugal, no primeiro semestre do ano, "os pedidos de auxílio duplicaram em relação a 2022". O presidente da CVP receia que a tendência crescente de pedidos de ajuda esteja para continuar até ao final do ano.