Mais de 800 pessoas que se mantêm nos hospitais após alta aguardam cuidados continuados
A secretaria de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes, garante que só este ano já foram retiradas do hospital mais de 700 pessoas, a maioria para lares de idosos.
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A responsável da Direção Executiva do SNS Filomena Cardoso esclareceu que, dos mais de 1600 casos de internamentos inapropriados nos hospitais de doentes que tiveram alta, são cerca de 840 os que aguardam por vaga nos cuidados continuados.
Sublinhando que os 1675 casos de doentes que estão a ocupar camas nos hospitais, mas já tiveram alta se referem a casos que tanto aguardam pelos cuidados continuados como por respostas sociais apenas, sublinha que à espera de vaga na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) estão cerca de 840.
"É um número dinâmico", afirmou, frisando que a rede "coloca mensalmente mais de 3000 doentes", que desde janeiro colocou mais de 15.000 e que se pretende, até final deste ano, criar mais cerca de 400 lugares.
Lembrando que as respostas na rede de cuidados continuados são para doentes que precisam simultaneamente de apoio social e de saúde, explicou que os casos que aguardam apenas resposta social, podem tê-la a diversos níveis.
A responsável da DE - SNS, estrutura que tem entre as suas competências a gestão da rede de cuidados continuados, disse ainda que foi criado um grupo para trabalhar e repensar a rede nacional de cuidados continuados integrados, "integrando várias respostas que existem e que possam ser criadas para tornar a rede mais fluida" e admitiu que na proposta que apresentarão no outono possa constar melhores condições de financiamento, um dos motivos das queixas das instituições.
Segundo tinha adiantado o presidente da Associação Nacional dos Cuidados Continuados quando no passado dia 24 de maio foi ouvido no parlamento, desde o início do ano fecharam mais de 340 camas em unidades de cuidados continuados por "estrangulamento financeiro" destas instituições.
Filomena Cardoso disse que nem todos os encerramentos se deveram a problemas financeiros, mas admitiu que a proposta deste grupo possa sugerir uma melhoria nestas condições de financiamento.
Sublinhou que o valores pagos estiveram alguns anos sem serem atualizados, sobretudo no tempo da troika, e que houve um desinvestimento, mas sublinhou que o financiamento "tem vindo a ser atualizado, tendo sido alterado em novembro passado para "valores base já confortáveis".
"Eu recordo que o valor de uma mensalidade de um doente em longa duração são 2.250 euros de mensalidade. Não é um valor despiciendo".
A RNCCI é constituída por vários tipos de respostas: as Equipas de Cuidados Continuados Integrados -- Domiciliárias, as Unidade de Convalescença (UC), com internamentos até 30 dias, as Unidades de Média Duração e Reabilitação (UMDR), com internamentos com duração entre 30 e 90 dias, e as Unidades de Longa Duração e Manutenção (ULDM), com internamentos superiores a 90 dias.
Em declarações à TSF, a secretaria de Estado para a Inclusão, Ana Sofia Antunes, garante que só este ano já foram retiradas do hospital mais de 700 pessoas, a maioria para lares de idosos, mas admite que perante o ritmo do envelhecimento da população portuguesa também é preciso novas soluções.
"É preciso ter consciência que, por mais que cresçamos, temos cada vez mais que apostar noutras respostas que não sejam as típicas camas em ERPI [estruturas residenciais para pessoas idosas], porque não vamos ter uma cama para cada idoso em Portugal", descarta.
"Essa resposta pode passar por serviço de apoio domiciliário com equipas qualificadas", defende, assim como o investimento em cuidados continuados. "Estamos a trabalhar para isso", assegura.
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"Esta questão de altas por razões puramente sociais é cada vez mais difícil de destrinçar", porque os pedidos de acesso a cuidados continuados são "cada vez estão de pessoas com maior dependência", ressalva ainda Ana Sofia Antunes.