"Mais de 90% não se revê no acordo." Polícias protestam na AR durante discussão do Orçamento do Estado
À TSF, o presidente do Sinapol explica que mais de 90% dos polícias "não se revê no acordo que foi firmado" com o Governo relativamente ao subsídio de risco
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Os polícias vão voltar a protestar dentro e fora da Assembleia da República a 30 e 31 de outubro, dias em que os deputados debatem a proposta de Orçamento do Estado para 2025, apresentada na quinta-feira pelo Governo.
Em comunicado publicado nas redes sociais, uma coligação de sindicatos que não assinaram o acordo com o Executivo em julho para o aumento do suplemento de risco, dos quais faz parte o Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), anunciaram o protesto para exigirem o mesmo valor atribuído à Polícia Judiciária.
"Mais de 90% dos polícias não se revê no acordo que foi firmado e isso é visível com o facto de que as pessoas, que muitas delas eram associadas desses sindicatos, mudaram para os sindicatos que não fizeram o acordo. Portanto, isso é um dos sinais de que os polícias não ficaram satisfeitos com aquilo que eles apelidaram, muitas das vezes, como uma traição àquilo que eram os princípios iniciais da plataforma", explica Armando Ferreira, presidente do Sinapol, à TSF.
No primeiro dia de discussão do Orçamento do Estado, esta plataforma promete estar presente nas galerias do Parlamento. Na semana passada, o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, permitiu a presença de bombeiros fardados no local, por isso Armando Ferreira espera que o critério seja mantido.
"Nós não vamos sugerir, nem vamos dizer para não o fazer. Fica ao critério de cada um. Estamos a lidar com pessoas que são profissionais. Estamos a lidar com adultos que sabem as responsabilidades que têm e sabem onde é que podem estar fardados e onde é que não podem estar fardados. Houve, de facto, algo que ficou visível durante uma sessão de plenário na Assembleia da República: foi que o plenário entendeu que estar fardado não vai contra aquilo que é o Regimento da Assembleia da República e foi aberto esse precedente. Se um elemento da Polícia de Segurança Pública ou da Guarda Nacional Republicana, porventura puder estar farpado nas bancadas, não se está a protestar, está ali como cidadão com o seu uniforme de trabalho", afirma.
No dia seguinte, em que se termina a discussão e se vota na generalidade a proposta de Orçamento do Estado no plenário, os polícias estarão em protesto no lado de fora da Assembleia da República.
Embora não esteja previsto, o presidente do Sinapol não garante que não haja quem arrisque subir a escadaria: "Da nossa parte, não temos como objetivo a subida das escadas. Aquele protesto é para ser feito dentro daquilo que está balizado pela lei. Portanto, é isto a que nós nos propomos a fazer tal qual, como já fizemos no passado."
Caso aconteça, Armando Ferreira iliba-se de responsabilidades e atira-as para os colegas que estiverem de serviço. "Não somos nós que estamos a trabalhar. Terão de lá estar os nossos colegas que estão a trabalhar para impedir o que quer que seja que possa acontecer. Nós, estando em protesto, os sindicatos não conseguem controlar multidões e isso ficou aprovado ainda recentemente", argumenta.
Além destes dois protestos, a coligação de sindicatos dos profissionais das forças de segurança marcaram outro protesto para a frente da Assembleia da República para 28 de novembro, dia da votação global final do Orçamento do Estado.