Mais de mil pessoas assinam petição para pedir libertação do rapper Pablo Hasél
O rapper português Valete é um dos signatários da petição. Ouvido pela TSF, o músico considera que se trata de uma situação "muito grave" para a democracia espanhola.
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Mais de mil pessoas já assinaram uma petição pública a pedir a libertação imediata do rapper espanhol Pablo Hasél.
Um desses subscritores é o rapper Valete. Em declarações à TSF, o músico defende que o caso da prisão de Hasél é uma situação muito grave para a democracia espanhola. "Esta prisão representa, para mim, uma falência da democracia espanhola, que, atenção, não é virgem na prisão política, mesmo na última década foi uma coisa muito vista", sublinha o rapper.
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Do ponto de vista de Valete, o caso "é muito grave, nos dias em que estamos a viver".
"Creio que é possível corrigir e gostei de algumas declarações governamentais a pensar já em mudar aqui a moldura penal que existe, para estas coisas não voltarem a acontecer", acrescenta.
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Valete lembra que Portugal não está assim tão distante de enfrentar casos semelhantes. "É importante que os portugueses não olhem para o caso espanhol como uma coisa muito distante, porque existe uma possibilidade grande de nós termos, em pouco tempo, um governo PSD/Chega, então os portugueses não pensem que isto não pode acontecer em Portugal", refere.
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Antes da petição ser tornada pública, houve um conjunto de personalidades ligadas à musica e à cultura que se juntou para discutir o conteúdo do manifesto. Luís Baptista, dirigente sindical e um dos primeiros subscritores da petição, conta à TSF que houve uma adesão rápida por parte de quem trabalha no setor da música.
"Nós ao lançarmos a carta, pouco tempo depois, ainda ela não era pública, já tínhamos uma série de subscritores, portanto foi muito fácil que este apelo fosse recebido pelos artistas da música com muita rapidez e isso é a primeira questão que me parece importante", afirma.
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Luís Baptista salienta que Espanha tem tido uma atitude contraditória no caso de Pablo Hasél e de outros músicos espanhóis, que contrasta com a postura internacional em termos de direitos humanos. O dirigente sindical reforça que Espanha é uma "nação da União Europeia que é signatária da Declaração Universal dos Direitos do Homem, está na ONU, e depois mete-se neste papel de juiz perante outros países".
Salienta ainda que Espanha tem "mais de 200 presos políticos, homens e mulheres, muitos deles nunca aleijaram ninguém, nunca agrediram ninguém, nunca mataram ninguém, foram presos por exprimir ideias e o Pablo Hasél juntamente com outros são um pouco dessa jovem geração que tem através da arte, da cultura, da palavra e da música expressado um profundo descontentamento que é vivido pelos vários estados e nacionalidades dentro do estado espanhol".
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Entre os signatários da petição estão também outros nomes ligadas à música em Portugal, como Capicua, Sérgio Godinho, Lena D'Água, ou personalidades das artes como Vhils ou Bordallo II.
O rapper catalão Pablo Hasél foi condenado a nove meses de prisão por mensagens enviadas na rede social Twitter, em que fazia a glorificação do terrorismo e injuriava a monarquia. Desde então, cidades espanholas como Barcelona, Madrid e Girona têm sido palco de confrontos violentos entre a polícia e manifestantes que protestam contra a detenção do rapper.
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