
Reuters/Phil Noble
O relatório da Direção-Geral de Saúde revela que alimentação de má qualidade atinge sobretudo crianças, idosos e os portugueses mais pobres
Corpo do artigo
Mais de metade dos portugueses sofre de excesso de peso e a má alimentação é o principal fator de risco responsável pelos anos de vida saudáveis que se perdem em Portugal. A conclusão surge no relatório da Direção-Geral de Saúde (DGS) "Portugal - Alimentação Saudável em Números 2014".
Os números revelam que são cerca de um milhão os portugueses adultos obesos. Outros 3,5 milhões são considerados pré-obesos, o que leva os autores a falarem numa «elevada prevalência da obesidade na sociedade portuguesa» que afeta mais as populações «socialmente mais vulneráveis».
O relatório dá especial destaque à população idosa citando um estudo inédito que avaliou a população com mais de 65 anos do concelho de Paços de Ferreira e que conclui que 2,1% estavam desnutridos e 31,8% em risco de desnutrição. Mais de metade (51,7%) foram ainda avaliados como obesos. O relatório da DGS diz que é preciso fazer uma «avaliação nacional» da situação alimentar e nutricional dos idosos.
Apesar do cenário preocupante entre os idosos, o documento diz que há uma «franca melhoria na avaliação ou notificação dos casos de pré-obesidade e obesidade», com mais casos registados pelos serviços de saúde. E estabilizou o crescimento da obesidade infantil, num cenário que ainda «necessita de confirmação futura» através de novos dados.
O relatório da DGS conclui que «os hábitos alimentares não saudáveis começam praticamente desde o nascimento» e condicionam «toda a juventude e idade adulta», o que obriga as autoridades de saúde a tentarem intervir «cada vez mais cedo junto de grávidas e famílias».
O estudo sublinha ainda que a «alimentação de má qualidade afeta, em especial, crianças, idosos e os grupos mais vulneráveis do ponto de vista social e económico», o que «aumenta as desigualdades em saúde».
O coordenador da Plataforma Nacional contra a Obesidade da DGS explica que este estudo revela também que os hábitos alimentares errados são o principal determinante da saúde em Portugal e representam 12% dos anos saudáveis de vida perdidos pela população nacional. Pedro Graça conclui que estes números, publicados pela primeira vez, devem levar «os decisores políticos a dar uma maior atenção à promoção de hábitos alimentares saudáveis».