"Mais intimista." Em Benfica há um ginásio exclusivo para mulheres que funciona como "um escape"
Numa altura em que decorre uma petição que pede a promoção de um debate sobre para a criação de empresas exclusivas para mulheres em Portugal, a TSF foi conhecer um ginásio que nos últimos 20 anos abriu portas apenas ao sexo feminino
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Ao final da tarde, a sala do ginásio Vivafit, em Benfica, enche-se de mulheres. São alunas do personal trainer Nelson Canela, um dos poucos homens que circula por este espaço, que se distingue por aceitar apenas inscrições de mulheres.
A discussão sobre a existência de negócios dedicados a um só género voltou a surgir com a Pinker, a aplicação de TVDE reservada ao transporte de mulheres, que queria começar a operar em Portugal, mas o projeto acabou por ser travado pelo Instituto de Mobilidade e Transportes que alegou que a aplicação "não cumpria o princípio da não descriminação".
Mas a Pinker não seria um caso único. A cadeia Vivafit existe desde 2003. Ana Dias, a fundadora do ginásio em Benfica, explica à TSF que o projeto nasceu com o objetivo de responder às especificidades da mulher.
"Não excluímos ninguém à entrada da nossa porta, simplesmente aquilo que temos para oferecer a nível de serviços e de aulas é 100% direcionado para a mulher, porque elas têm necessidades completamente diferentes das dos homens. A mulher gosta de ter tonificadas certas partes do corpo que o homem não liga tanto, por exemplo."
A também personal trainer reconhece que, quando o ginásio abriu portas, surgiu também como "um escape" para quem não se sentia bem nos ginásios comuns, "por não se sentirem tão à vontade nos grandes ginásios, rodeados de homens, de olhares". Mas Ana Dias nota igualmente que nesta altura os motivos que levam as mulheres a inscreverem-se no Vivafit são outros, como o tipo de serviço prestado.
Sobre a possibilidade de existirem mais negócios dirigidos a um só género, as opiniões dividem-se. Cristina Lérias, uma das 300 inscritas neste ginásio, admite que gosta do formato por ser "mais intimista e mais adaptado", no entanto, questiona se ainda faz sentido dividir homens e mulheres. Já Nelson Canela defende que devem existir apenas em casos específicos, como "salões de cabeleireiros".