Mais perdas seriam "dramáticas". Produtores de castanha receiam novos ataques do "fungo da podridão"
Em causa está o fungo que causou, no ano passado, perdas de 25 milhões de euros na produção do fruto seco em Vinhais e Bragança
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Os produtores de castanha estão preocupados com mais um eventual ataque do chamado "fungo da podridão". Em declarações à TSF, o presidente da Associação Arbórea, Abel Pereira, diz que uma nova perda na produção daquele fruto seria "dramática" para o setor.
Em causa estão os resultados de 2023, ano em que a produção de castanha culminou em perdas significativas. Vinhais foi o município mais afetado, com apenas 30% da produção a ser aproveitada, um resultado que se traduziu em prejuízos na ordem dos 25 milhões de euros. O responsável: um fungo, o "fungo da podridão", como lhe chamou Abel Pereira, presidente da Associação Agroflorestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana, também conhecida por Arbórea.
À TSF, o responsável pela associação explica que se trata de um fungo que torna o fruto impróprio para consumo e cresce com ele desde início, fazendo com que a castanha não chegue em condições aos consumidores. Olhando para as previsões para 2024, o presidente admite que não está otimista. "Tivemos os meses de junho e julho com humidades relativas muito acentuadas e temperaturas a rondar os 25 ºC, o que cria condições para o desenvolvimento do fungo", explica. Ainda assim, reitera que, com base nestes dados, um cenário idêntico ao do ano passado é apenas uma suposição.
Para Abel Pereira, uma repetição das perdas este ano seria "dramática" para a economia da região, até pela importância do setor na atratividade da mesma. "A castanha tem permitido manter algumas pessoas nestes territórios, pois acabam por ter aqui mais uma fonte de rendimento, tanto direta como indireta", garante. A solução poderá, por isso, passar por um maior investimento na investigação para melhor entender este fungo. "As pessoas não têm capacidade de pagar estudos de investigação por si próprias. É necessário mobilizar conhecimento e investigação para estes territórios", adianta.
A produção de castanha tem particular peso nos concelhos de Vinhais e Bragança, onde há cerca de cinco mil produtores. É de lá que saem, todos os anos, mais de 25 mil toneladas deste fruto, cujas receitas rondam os 25 milhões de euros anuais para a região.
