"Mais profissionais para fazer colheitas." Federação apela à "dádiva regular de sangue" e deixa pedidos ao Governo
Para garantir que Portugal tem uma reserva nacional “sempre com níveis satisfatórios”, Alberto Mota diz ser “fundamental” que o Governo “passe as medidas do papel à prática”, valorizando os voluntários das associações, grupos e núcleos de dadores de sangue
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A Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue (FEPODABES) quer que o Governo crie novos incentivos para os dadores de sangue e disponibilize mais profissionais de saúde para responder às solicitações de colheitas, disse esta quinta-feira o presidente.
Em declarações à agência Lusa no Dia Nacional do Dador de Sangue que se assinala esta quinta-feira, Alberto Mota apelou à sociedade para que mais pessoas se tornem dadores regulares e deixou pedidos à tutela.
“É muito importante que as pessoas se tornem dadores regulares, isto é, que os homens, de três em três meses, façam a sua dádiva e as mulheres de quatro em quatro meses (…). São necessários mais profissionais de saúde para fazer as colheitas”, referiu o presidente da FEPODABES.
Contando que a federação tem conhecimento de que têm acontecido “cancelamentos por falta de pessoal”, Alberto Mota defendeu que uma das soluções pode passar pelo alargamento do funcionamento das Unidades Locais de Saúde (ULS).
“Há ULS que podem muito bem ajudar o IPST [Instituto Português do Sangue e da Transplantação] a fazer recolhas de sangue no exterior”, considerou.
Para garantir que Portugal tem uma reserva nacional “sempre com níveis satisfatórios”, o responsável entendeu ser “fundamental” que o Governo “passe as medidas do papel à prática”, valorizando os voluntários das associações, grupos e núcleos de dadores de sangue, assim como regulamente “melhor” o Estatuto do Dador.
Além de mais profissionais de saúde nos Centros de Sangue e da Transplantação (Porto, Coimbra e Lisboa), a FEPODABES pede ao Governo que avalie a possibilidade de serem abertos mais centros de colheitas de sangue de forma a “ir ao encontro de todas as pessoas saudáveis que possam dar sangue”.
“Essa valorização deve incluir a criação do Conselho Consultivo do Sangue onde os dadores de sangue e suas associações, através da federação tenham lugar na discussão e informação sobre a dádiva de sangue”, afirmou Alberto Mota.
Este ano o Dia Nacional do Dador de Sangue tem como tema “A importância da Diversidade na Dádiva de Sangue”.
A FEPODABES salienta “o papel fundamental dos dadores de sangue que têm estado sempre presentes para colmatar as 1.000 a 1.100 unidades de sangue necessárias todos os dias”.
“Hoje temos uma reserva muito estável com cerca de 10.000 unidades de sangue guardadas, mas não podemos descansar. Temos de continuar a apelar, a apelar, apelar sempre”, concluiu o presidente da FEPODABES.
IPO do Porto apela aos jovens adultos que façam doação regular de sangue e plaquetas
Também o Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto apela às doações regulares de sangue e plaquetas. O consumo de plaquetas em hospitais oncológicos é muito elevado. Quem tem patologia hematológica como leucemia ou linfoma necessita de grandes quantidades de plaquetas para fazer face a hemorragias e coagulação, ou problemas de plaquetas baixas.
O objetivo é ter um stock de dádivas confortável para não adiar tratamentos de doentes oncológicos por falta de sangue. Em declarações à TSF, a diretora do Serviço de Imunohemoterapia do IPO do Porto, Maria Rosales, diz que o número de dadores jovens não tem aumentado.
"Tem havido uma quebra nos últimos anos, mesmo depois da pandemia. Não conseguimos aumentar como gostaríamos o nosso número de dadores e também acontece que praticamente metade dos nossos dadores têm já mais de 45 anos de idade. Sabendo que a partir de uma certa idade começam as comorbidades e as patologias, queremos investir em jovens saudáveis para começarem a entrar nesta atividade altruísta, para iniciarem nesta prática e para a interiorizarem como um dever da cidadania", explica à TSF Maria Rosales.
A médica refere que a doação de sangue e plaquetas pode ajudar no tratamento do cancro. "Um doente que tenha anemia e que tenha de ir ao bloco nunca seria operado sem otimizar essa anemia, sem receber uma transfusão de sangue. Pode ser uma situação de um doente com plaquetas baixas que precisa de fazer também um procedimento e que também precise de repor esse valor de plaquetas com uma transfusão de plaquetas para poder efetivar o tratamento em questão", sublinha.
Em 2024, o IPO do Porto registou 8799 dádivas, menos 126 do que no ano transato, das quais 1889 foram de componentes plaquetários por aférese e 6.910 de sangue total.
Mais de 1808 dadores efetuaram duas ou mais dádivas no IPO do Porto nesse ano. Houve 1363 dadores que efetuaram a sua primeira dádiva na instituição, sendo que para 678 foi a primeira dádiva efetiva.
Em 2024 foram transfundidos mais de 2634 doentes, correspondendo a 7179 transfusões de eritrócitos e 4708 transfusões de plaquetas.
O Dia Nacional do Dador de Sangue assinala-se hoje e serve para evidenciar, junto da população em geral, o valor social e humano da dádiva de sangue, estimulando a sua prática e tornando mais conhecida a sua imprescindibilidade.
Uma dádiva de sangue pode ajudar a salvar várias vidas e leva em média apenas 30 minutos.
Podem doar sangue todas as pessoas com bom estado de saúde, com hábitos de vida saudáveis, peso igual ou superior a 50 quilos e idade entre os 18 e os 65 anos. Para uma primeira dádiva, o limite de idade é 60 anos.
