Mais um dia de greve na CP. Até às 10h00, circularam 17 comboios e foram suprimidos 418
Esta sexta-feira estão também em greve os revisores, chefias e trabalhadores das bilheteiras da CP.
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A CP - Comboios de Portugal suprimiu, até às 10h00 desta sexta-feira, 418 dos 435 comboios que estavam previstos, tendo circulado apenas 17. A informação foi adiantada à TSF por fonte da CP.
Também esta sexta-feira os revisores, chefias e trabalhadores das bilheteiras da CP cumprem uma greve de 24 horas, que, até às 08h00, contou com uma adesão de 90%, disse à Lusa Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).
"A adesão à greve está a ser maciça, acima dos 90% em todo o país", disse Luís Bravo, acrescentando que a paralisação é de 24 horas, mas ainda poderá ter efeitos no sábado.
O coordenador do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante diz que há um descontentamento generalizado quanto à proposta de aumento salarial feita pela administração.
"Está em causa o empobrecimento dos trabalhadores ferroviários, situação que já decorre de um congelamento dos salários, entre 2010 e 2020. O aumento brutal da inflação em 2022 em que os trabalhadores ferroviários tiveram um aumento salarial de 0,9% e com uma inflação de 7,8%, em média, mas que nos produtos essenciais, aqueles que os trabalhadores com salário mínimo não podem fugir, com um aumento brutal perto dos 20%. Estamos a ser confrontados com uma proposta apresentada pela tutela, na ordem dos 3,49%", explica à TSF Luís Bravo.
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Luís Bravo acusa ainda a tutela de querer reduzir as regras de segurança dos comboios, com vista à privatização da empresa.
"São regras de segurança ferroviária que podem estar em vias de ser alteradas novamente. O senhor ministro e o senhor secretário de Estado têm que esclarecer estas questões: se vão flexibilizar as regras de segurança dos comboios e pôr em causa a segurança dos utentes e dos trabalhadores, para facilitar a privatização da CP ou não", acrescenta.
A CP informou no início da semana que o Tribunal Arbitral não decretou serviços mínimos para a greve de trabalhadores que começou na quarta-feira e alargou as previsões de "fortes perturbações" na circulação até 21 de fevereiro.
Assim, a empresa prevê "fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional", até às 24h00 de dia 21.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF) e Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI)".
O anúncio da greve dos trabalhadores da CP e da IP, devido à falta de resposta às propostas de valorização salarial, foi feito em 25 de janeiro pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).
Em causa está a falta de resposta das duas empresas às propostas de valorização salarial.
Para os sindicatos, as propostas entregues "ficam muito aquém" dos valores necessários para que seja reposto o poder de compra dos trabalhadores.
* Notícia atualizada às 10h21