"Mais um número de propaganda." Partidos de oposição criticam palavras de António Costa
O Chega, a Iniciativa Liberal, o BE, o PCP e o PAN consideram que António Costa fugiu às responsabilidades e optou por "esconder a realidade da vida das pessoas" na última mensagem de Natal como primeiro-ministro.
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Os partidos de oposição criticaram esta segunda-feira as palavras de António Costa, naquela que foi a sua última mensagem de Natal como primeiro-ministro. Entre falta de responsabilidade e "propaganda", os partidos consideram que ficou a faltar falar do estado da saúde e da habitação em Portugal.
"Tocou no que lhe interessava, esquecendo o drama real que este país está a viver", atirou André Ventura, sublinhando que Costa "conseguiu falhar os dois tópicos importantes de tratar hoje": a confiança na justiça e a saúde.
"Para António Costa não há nenhuma responsabilidade a assumir", acrescentou.
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Na opinião do líder do Chega, "António Costa falhou em toda a linha ao não conseguir dar aos portugueses a tranquilidade que o país precisava numa noite de Natal", acusando o PS e o primeiro-ministro de viverem "numa realidade paralela completamente diferente da maioria dos portugueses".
"Esperemos que em março os portugueses saibam dar a resposta a quem não quer viver nem resolver os seus dramas e os dramas de Portugal", concluiu André Ventura.
Também o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, acusou o primeiro-ministro demissionário de fazer "mais um número de propaganda" e fugir aos "temas que afligem os portugueses nesta altura", como a crise na habitação, os "impostos que asfixiam a classe média" ou "o acesso cada vez mais degradado aos serviços de saude".
"A melhor notícia para os portugueses é que este foi o último discurso de Natal que António Costa dirigiu aos portugueses como primeiro-ministro. É a melhor prenda que os portugueses podiam ter", disse Rui Rocha, em declarações aos jornalistas.
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Os partidos à esquerda também repudiaram as palavras de Costa, defendendo, no caso do Bloco de Esquerda (BE) que "a maioria absoluta foi um tempo intranquilo" e, no caso do PCP, que "o primeiro-ministro escode a realidade da vida das pessoas".
"Os preços das casas aumentaram. Muitdas das urgências estão fechadas. Os salários encolheram", destacou a bloquista Marisa Matias, critiando a falta de referência aos temas da habitação, da saúde e ao "genocídio que está a acontecer em Gaza", na última mensagem de Natal de António Costa.
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Para o futuro, Marisa Matias confessou que o "importante é encontrar soluções novas para resolver os problemas concretos que as pessoas enfrentam e que não tiveram referência".
A mesma posição foi defendida por Jaime Toga do PCP, que, em declarações aos jornalistas, disse que "a realidade do país não é uma realidade da diminuição da pobreza".
"O senhor primeiro-ministro esconde a realidade da vida das pessoas que estão confrontadas com aumento do custo de vida", notou.
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Por outro lado, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, defendeu que a mensagem de Natal do primeiro-ministro "esquece o país real" e considerou uma perda de tempo debates sobre coligações à esquerda ou à direita.
"As palavras de António Costa esquecem o país real, porque as contas certas têm que ser contas certas em primeiro lugar com as famílias, e num país em que temos mais de 10 mil pessoas em situação de sem-abrigo e quatro milhões de pessoas a viver em situação de pobreza se não fossem os apoios sociais, existe claramente aqui um défice de um país em que António Costa não tem conseguido promover o desenvolvimento social", considerou a dirigente.
Para o PAN, a maioria absoluta do primeiro-ministro demissionário "foi uma oportunidade perdida e desperdiçada".
O primeiro-ministro afirmou que deixou um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.
António Costa defendeu esta posição na sua nona e última mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.
"Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria. É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor", declarou o líder do executivo no final da sua mensagem.
Na sua mensagem, António Costa disse ter concluído que os últimos oito anos provaram que tinha "boas razões" para confiar no país.