O Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte também deverá avançar para greve a 12 de agosto. O sindicato diz recorrer à paralisação por querer ver clarificadas algumas cláusulas do contrato assinado em agosto de 2018.
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Os motoristas de mercadorias afetos ao Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte, uma organização ligada à FECTRANS, da CGTP, também vão estar em greve entre 12 e 20 de agosto.
O sindicato diz recorrer à paralisação por querer ver clarificadas algumas cláusulas do contrato assinado em agosto de 2018.
O presidente do STRUN, José Manuel Silva, afirma que está em causa a reparação de veículos quando a culpa do sinistro é do motorista. O STRUN reclama os 10% do salário que são descontados quando os motoristas são declarados culpados em acidentes, bem como o pagamento das horas extra que "abusivamente" as empresas os obrigam a fazer diariamente, sem serem pagas.
As horas de descanso dos condutores são também motivo de reivindicação, já que a reposição do descanso compensatório do motorista quando trabalha aos feriados e/ou domingos está atualmente a ser incluído nas horas de descanso que lhes são atribuídas.
O STRUN pretende ainda o pagamento de "um valor alto" aos trabalhadores que aceitem fazer cargas e descargas e a possibilidade, até aqui assegurada, de a partir dos 55 anos os trabalhadores puderem trocar os serviços internacionais pelos nacionais, "caso não se sintam com capacidade".
"A lei não está bem explícita. Nós entendemos que os trabalhadores, quando chegam de viagem, do estrangeiro, ao fazerem as 45 horas a que são obrigados por lei, ao mesmo tempo estão a gozar das compensações de feriado e domingo a que têm direito. Isto nunca foi assim", contou José Manuel Silva à TSF.
Quanto à responsabilização e pagamento de danos em acidentes, o presidente da STRUN explicou que nem sempre houve motivo para discórdias: "Antes os patrões tinham de provar que o trabalhador fez aquilo de propósito, porque, no dia-a-dia, é possível o trabalhador partir um espelho ou um pisca e, por isso, ter um acidente."
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Os sindicalistas apontam ainda que não têm resposta da ANTRAM a estas reivindicações há vários meses, pelo que, consideram, a greve é a única forma de verem corrigidas as situações de insatisfação.
O protesto coincide com a greve convocada pelo Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM).
O STRUN, que representa cerca de mil motoristas de mercadorias do Norte, antecipa que a greve vai ter impacto no transporte de todo o tipo de mercadorias, devendo afetar um universo de mais 500 empresas nos distritos do Porto, Aveiro, Vila Real, Bragança e Viana do Castelo.
A paralisação arranca às 00h00 de 12 de agosto e termina às 23h59 do dia 20.
A decisão do STRUN de convocar esta greve foi tomada independentemente da FECTRANS, que representa também outros sindicatos que continuam a negociar com a ANTRAM, tendo novas reuniões agendadas para terça-feira e quarta-feira.
A greve convocada pelo SNMMP e pelo SIMM começa a 12 de agosto, por tempo indeterminado.
O Governo terá de fixar os serviços mínimos para a greve, depois das propostas dos sindicatos e da ANTRAM terem divergido entre os 25% e os 70%, bem como sobre se incluem trabalho suplementar e operações de cargas e descargas.
Nesta altura, a FECTRANS ainda está a negociar com as associações patronais do setor dos transportes.
José Manuel Silva garante à TSF que não está a ir contra as orientações da estrutura sindical e não revela se há mais sindicatos que vão aderir ao protesto. "Não estamos a ir contra ninguém. Nós próprios fazemos parte da direção da FECTRANS, que é composta por dirigentes de todos os setores da atividade de motorista", apontou.
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A paralisação tem início a 12 de agosto. José Manuel Silva, do STRUN, admite não ter muita esperança que até lá a situação se resolva e a greve seja desconvocada.