A Sovibor ganhou nova vida na última década e caminhou de forma consistente para patamares elevados, produzindo vinhos que exprimem caráter alentejano. O Mamoré de Borba Grande Reserva 2020 é a melhor prova
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O elevado grau de exigência, colocado na produção de vinhos de topo, tem caracterizado o percurso da Sovibor, fundada em 1968, e que há dez anos iniciou nova vida sob a liderança de Fernando Tavares.
Uma aposta algo temerária, à primeira vista, do empresário nortenho, e que acabou por resultar, graças à persistência, esforço e carinho do novo proprietário da empresa de Borba, que preservou de forma magnífica um património deveras valioso.
Na adega, onde repousa número muito elevado de talhas, conservadas de modo primoroso nos lagares em mármore e nos alambiques, que são memória de outros tempos, respira-se história, revive-se o passado, paredes-meias com a modernidade, que permite responder aos novos desafios.
Na procura da perfeição, há um vinho que é produzido apenas em anos excecionais: o Mamoré de Borba Grande Reserva.
Após a 1.ª edição, produzida em 2015, mas lançada três anos mais tarde, e de acordo com "a estratégia de investimento em colocar vinhos nos patamares superiores", como sublinha Fernando Tavares, chegou a hora do Grande Reserva 2020.
As vinhas de sequeiro, situadas a 420 metros de altitude, no planalto da região de Borba, onde o índice de pluviosidade é elevado, estão plantadas em solo de xisto castanho, mais poroso. O poder de agregação da água evita o chamado stresse hídrico, uma vez que as raízes das plantas estão a três a quatro metros de profundidade.
As vinhas velhas de sequeiro são, por tais razões, muito especiais e permitem à equipa de enologia, em que pontificam Rita Tavares e António Ventura, a produção de vinhos de excelência.
Após a colheita, as uvas das castas Trincadeira (40%) e Alicante Bouschet (60%) são transportadas com muito cuidado e colocadas 48 horas em frio, antes da escolha dos melhores cachos. A pisa a pé, em lagares em mármore, foi feita de manhã e à tarde e, após a fermentação, o estágio decorreu durante 18 meses em barricas de 300 e 500 litros de carvalho francês de 1.ª e 2.ª utilização.
Seguiram-se mais dois anos em garrafa antes do lançamento deste tinto bastante equilibrado, com muita frescura, apesar do teor de álcool (15%) e boa acidez. A madeira não se sobrepõe, de modo algum, ao perfil aromático do vinho, com taninos bem integrados, notas de ameixa e frutos do bosque e um final longo.
Um vinho de grande qualidade, completo e que coloca a Sovibor no desejado patamar de excelência.
Foram produzidas 2696 garrafas, com o preço de 65 euros.
Mamoré Reserva Branco 2023
O vasto e diversificado portefólio da empresa alentejana - mais de três dezenas de referências de várias gamas e de aguardentes - foi enriquecido com o Mamoré de Borba Reserva Branco 2023.
Elaborado com as castas Antão Vaz, Arinto e Verdelho e estágio em barricas de carvalho francês, revela uma elevada frescura, boa acidez, volume, cremosidade e uma surpreendente aptidão gastronómica para acompanhar, na perfeição, pratos mais elaborados e suculentos, incluindo assados.
"Estamos a tentar produzir um vinho branco de referência", confessa Fernando Tavares. Com este Reserva Branco 2023, do qual foram produzidas quatro mil garrafas, ao preço de 16,98 euros, o objetivo está mais perto de ser alcançado.
Uma década volvida, consolidado o projeto, com muito esforço e empenho, a Sovibor alcança os desejados patamares superiores.
