Manifestações pró-Palestina em Portugal: estudantes admitem "escalar protesto" caso exigências não sejam cumpridas
A ideia de "nacionalizar a luta" é comum aos alunos de Lisboa e do Porto. Os universitários exigem o cessar-fogo "imediato e incondicional" na Faixa de Gaza e o corte de todas as ligações financeiras, diplomáticas e políticas com Israel.
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Os estudantes que estão acampados, desde terça-feira, na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa prometem continuar até que as reivindicações sejam cumpridas. Cerca de 30 estudantes passaram a noite em tendas, no átrio da Faculdade, para exigir o fim ao fóssil e o fim da guerra em Gaza. Caso as exigências não sejam atendidas, os alunos admitem a possibilidade de outras formas de protesto, adianta à TSF uma das porta-vozes do movimento Catarina Bio.
Entre as formas de luta que podem vir a ser adotadas, está a ideia de expandir o protesto para outras faculdades e também de ir às "instituições de poder", "que estão a tomar decisões que estão a condenar-nos a nós e à Palestina", refere.
Para já, os universitários de Lisboa garantem ficar na Faculdade de Psicologia, onde instalaram tendas de campismo e colaram faixas e cartazes com mensagens, tais como "Fim ao Genocídio", "Fim ao Fóssil até 2030" ou "De Lisboa a Rafah, Palestina Vencerá".
Segundo Catarina Bio, os alunos querem que o Governo garanta o fim ao fóssil até 2030 e exigem também várias medidas que ajudem ao cessar-fogo "imediato e incondicional" na Faixa de Gaza. "[O Governo pode] fazer o apelo para que isso aconteça, reconhecer o estado da Palestina e cortar todas as ligações financeiras, diplomáticas e políticas com o estado de Israel. Foi este o método de boicote utilizado por vários países para garantir o fim do Apartheid na África do Sul. É preciso agora também fazê-lo para garantir o fim do Apartheid e do genocídio na Palestina", explica ainda a porta-voz.
A porta-voz do movimento Fim ao Genocídio-Fim ao Fóssil assinala que os estudantes têm algum receio de uma intervenção das forças de segurança, à semelhança do que aconteceu noutros países, como os Estados Unidos e em França. Mas, por enquanto, a direção da Faculdade de Psicologia garantiu que podiam pernoitar no edifício.
Os estudantes da Universidade do Porto também vão acampar, esta quarta-feira, em frente ao edifício da reitoria num protesto que tem como objetivo apelar ao fim da guerra em Gaza. A responsável do coletivo de estudantes em defesa da Palestina, Bárbara Molnar, também ouvida pela TSF, destaca igualmente a intenção de "nacionalizar a luta", algo que "fortalece muito a causa e os ativistas".
Na terça-feira, os protestos continuaram em várias cidades europeias, como Paris, Berlim, Amesterdão ou Genebra, em alguns casos reprimidos pelas forças policiais e com detenções de dezenas de ativistas.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou quase 35.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
