O Governo deverá aprovar esta quinta-feira diploma que enquadra o processo de privatização da TAP.
Corpo do artigo
O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) defende que a TAP não pode ser privatizada na totalidade. Em declarações esta quinta-feira no Fórum TSF, o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias, alerta para a importância de manter o hub aeroportuário em Lisboa.
Se o hub do grupo que venha a adquirir a TAP for "muito próximo de Lisboa, o risco de o hub de Lisboa perder importância é muito grande", alerta Ricardo Penarroias. "Consequentemente, perde importância a companhia, perde dimensão, terá que forçosamente diminuir os trabalhadores e isto tem consequências graves não só para quem hoje depende da TAP, quem hoje trabalha na TAP, mas sobretudo também o próprio país fica prejudicado", alerta.
TSF\audio\2023\09\noticias\28\ricardo_penarroias_riscos
Também para José Sousa, secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava), esta é uma questão determinante. "É importante perceber que em qualquer processo de privatização, diz-se que é necessário conservar o hub por 5/10/15 anos. Então pergunta-se: 'e daqui a 10/15 anos já não é importante conservar hub?'"
O Governo deverá aprovar esta quinta-feira em Conselho de Ministros o diploma que enquadra o processo de privatização da TAP, mas José Sousa lembra que não vai ser possível fazer grandes exigências.
TSF\audio\2023\09\noticias\28\jose_sousa_1_hub_fica_qt_tempo
"Sabemos que as regras neoliberais da União Europeia não permitem consignar em cadernos de encargos imposições aos compradores que atentem quanto à sua liberdade. Logo, é uma falácia pensarmos que qualquer caderno de encargos vai garantir o interesse nacional como, no nosso entendimento, deve ser mantido."
Por sua vez, Pedro Figueiredo, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac), lamenta a decisão de vender a TAP e lembra que "há sempre riscos em qualquer privatização".
"É com alguma lástima que vemos que as soluções do nosso país e das empresas que de facto contribuem fortemente para o PIB, como é o caso da TAP, tenham que ter este desfecho."
Com qualquer grupo que venha a assumir o controlo da companhia, "mesmo que fique assegurado o hub, eles vão dizer 'não, nós não gostamos desse serviço', ou de outro serviço ou dos diversos serviços que são apoiados pela economia local e vão ser descartados".
TSF\audio\2023\09\noticias\28\pedro_figueiredo_1_privatizacao_tem
Para o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Faria Lopes, "há maneiras de conseguir manter o hub", que considera, também, "de extrema importância".
TSF\audio\2023\09\noticias\28\tiago_faria_lopes_1_manter_hub
"Portugal é um país de soberania, portanto, a União Europeia se sabe que é de extrema importância para todos os países, não só Portugal", nota Tiago Faria Lopes.
Em posição contrária, André Teives, presidente da Direção Nacional do Sindicato dos Técnicos de Handling de Aeroportos (STHA), considera que a manutenção do hub em Lisboa não está em causa, porque é uma grande vantagem para qualquer grupo de aviação.
"O valor da TAP é onde ela está inserida, ela está inserida em Portugal, em Lisboa. E Lisboa tem uma condição única na Europa - nós não somos a periferia da Europa, nós somos o centro do mundo. Porque é que somos o centro do mundo? Desde logo, somos o único país da Europa que consegue ir ao outro lado do Atlântico e voltar dentro de um ciclo de 24 horas hora, isto na aviação não tem preço", argumenta.
TSF\audio\2023\09\noticias\28\andre_teives_2_hub_e_falsa_questao
"Portanto, quem vier comprar a TAP, obviamente, não vai querer, até por uma questão racional do negócio, destruir aquilo que é a grande vantagem que a TAP tem, que é estar sediada em Portugal, neste caso em Lisboa", defende André Teives.