Marcelo acredita que não há risco de o Orçamento do Estado chumbar no Parlamento
Presidente da República não espera dificuldades na aprovação do OE2020 e pede que não se dê uma "guinada" de regresso ao défice.
Corpo do artigo
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acredita que não há risco de o Orçamento do Estado chumbar no Parlamento e garante que não vai ser preciso "respirar fundo" no momento da votação.
Esta tarde, depois de ter recebido o guarda-redes da seleção nacional de hóquei em patins, Ângelo Girão, em Belém, Marcelo garantiu, que o exercício de elaboração do documento das contas do Estado não vai ser difícil.
É uma ocasião para vermos onde se definem prioridades para acorrer ao que é mais urgente e mais premente.
O chefe de Estado sublinha que ninguém faz um orçamento em 15 dias e, lembrando que o Presidente pode chamar a atenção para as áreas que precisem de investimento, como a Saúde, alertou que não pode interferir nas escolhas que estão a ser feitas.
Ao Governo, deixou um conselho: "Não podemos pensar assim: agora que estamos praticamente em 0% de défice - e até vamos para ter um superavit - é uma grande ocasião para descontrolar as despesas. Não, é uma ocasião para vermos onde se definem prioridades para acorrer ao que é mais urgente e mais premente, sabendo nós que há problemas em várias áreas."
TSF\audio\2019\11\noticias\26\raquel_de_melo_17h_nova
Marcelo Rebelo de Sousa alertou que não pode haver uma "guinada de regresso ao défice", uma vez que ela travaria o "crescimento económico português" e dificultaria o "reequilíbrio económico e social" que se pretende.
As contas do Estado, garante o Presidente, vão ser "bem pensadas" porque a equipa governamental é "experiente". Preparado para o embate - ou não tivesse praticado artes marciais - o Presidente diz saber "respirar fundo" no momento certo, embora acredite que tal não seja necessário.
"É um Orçamento que me preocupa em termos de achar que há risco de não passar no Parlamento? Não me preocupa, não exige nenhum exercício especial de respiração", garante.
Pobreza estrutural?
Sobre os indicadores de pobreza, Marcelo diz que há aspetos que melhoraram um pouco mas é preciso continuar a trabalhar para combater o problema. O chefe de Estado admite que possa ser encarada a hipótese de avançar para uma estratégia global de combate.
TSF\audio\2019\11\noticias\26\marcelo_1_pobreza_
"Os especialistas terão de ver se isso é preferível a ter estratégias localizadas no emprego, no trabalho, nas crianças e nos idosos." Questionado sobre se a sua defesa de uma estratégia global implica que Portugal está perante uma pobreza estrutural, Marcelo Rebelo de Sousa argumenta que há números que mostram que alguma pobreza "já vem de há muito tempo, piora com as crises, mas está lá sempre".
Os fatores que apontam para essa pobreza são o "envelhecimento da população, desigualdades no território ou sociais" e admite mesmo que "17,2% da pobreza seja, de facto, estrutural e duradoura". Ainda assim, o facto de ser estrutural "não quer dizer que não seja um problema a merecer uma estratégia para se reduzir de forma mais acentuada".
O problema no pré-escolar
Sobre os indicadores da educação, Marcelo diz que há muitos aspetos que melhoraram, apesar do abandono elevado e da educação dos mais velhos, e nota dois problemas em relação ao pré-escolar.
TSF\audio\2019\11\noticias\26\marcelo_2_pre_escolar_
"Entre nós, o pré-escolar arrancou atrasado em relação ao resto da Europa. Arrancou com o primeiro-ministro António Guterres", recordou o Presidente da República. Denotando que esta é uma realidade com "20 anos", Marcelo reconhece que "houve passos muito rápidos" nessa janela temporal, mas identifica "um buraco entre os um e três anos de idade".
"Precisamos de ir mais longe, ir ao nível do que se passa na Europa e, ao mesmo tempo, os pais precisam de ter condições - muitas vezes não as têm, de trabalho - para poderem acompanhar crianças que são muito pequenas e relativamente às quais, de facto, o papel da família conjugado com o da escola é fundamental", conclui.