O conselheiro de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu esta noite ao Governo que negoceie com Bruxelas melhores condições para cumprir o memorando e que não seja mais «merkeliano que Merkel».
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No habitual comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou, esta noite, que o Governo deve aproveitar a porta aberta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e tentar negociar em Bruxelas os pressupostos do memorando do entendimento.
O conselheiro de Estado apelou a executivo para não ser mais «merkeliano que [a chanceler alemã Angela] Merkel».
«Se correr tudo bem, uma vez que eu espero que o CDS, mesmo discordando de [Vítor] Gaspar, mesmo convencido que a estratégia está errada ou parcialmente errada, deve aguentar firme e bater-se pelo Governo», referiu.
«O que acontece é que aí, Vítor Gaspar tem todas a razões para continuar o seu percurso e há espaço, nestes seis meses, para o Governo explorar politicamente a negociação com Bruxelas em termos de ir buscar as declarações de Lagarde, de Hollande. [Ou seja], não ser mais papista que o Papa, não ser mais merkeliano do que Merkel, ir aproveitando as hipóteses que há», acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.
O conselheiro de Estado lembrou assim as declarações da diretora do FMI, Christine Lagarde, que dizia que «talvez fosse melhor que países como Portugal e a Grécia tivessem mais tempo do que o que está previsto no memorando para reduzir o défice».
Lagarde sublinhou ainda que tendo em conta «os fortes efeitos recessivos da austeridade, estes países não deviam ficar presos a objetivos nominais de défice».
No mesmo sentido foram as declarações do Presidente da República quando, no passado dia 13, escreveu no Facebook que «não é correto exigir a um país sujeito a um processo de ajustamento orçamental que cumpra a todo o custo um objetivo de défice público fixado em termos nominais».
Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda um conselho ao Presidente da República, Cavaco Silva, para que peça ao Tribunal Constitucional a fiscalização prévia do Orçamento do Estado (OE) para o próximo ano.