Marcelo deixa recados no sapatinho do Governo: é preciso estabilidade e dar resposta à inflação
Numa cerimónia com o Governo, Marcelo Rebelo de Sousa pediu também "compreensão" aos portugueses, pelo aumento dos preços.
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O Governo apresentou-se no Palácio de Belém, com uma comitiva alargada, para desejar boas festas ao Presidente da República. Mas, de Belém, o Executivo sai com recados de Marcelo Rebelo de Sousa, que alerta para a necessidade de "estabilidade" em tempos de crise.
Depois das restrições provocadas pela pandemia, o Governo voltou a apresentar-se no Palácio de Belém com uma comitiva alargada, e o único ministro que faltou foi o do Ambiente, ou seja, Duarte Cordeiro.
Nos agradecimentos pela presença do Governo, que se estenderam por 20 minutos, o Presidente da República lembrou que, nesta altura, "a guerra começa a distanciar-se" e os portugueses "pedem respostas aos governantes" para fazer frente à crise inflacionista.
"Talvez seja boa ideia não juntar aos fatores de crise que temos, que é o que custa no bolso das pessoas, fatores de instabilidade", apelou, sublinhando que os portugueses "valorizam a estabilidade".
Apesar de admitir que o Governo "vai encontrando formas de ajuda social", gerindo "a economia e as finanças" em resposta ao aumento dos preços, o Presidente da República lembra, no entanto, que as medidas são apenas transitórias.
"São todas precárias. Há imponderáveis que não dependem de nós", afirmou, em alusão aos políticos portugueses que "não têm o poder de colocar um ponto final na guerra".
Embora admita que durante a ceia de Natal, os governantes e o Presidente vão ser tema de conversa, "por causa da falta de dinheiro", Marcelo Rebelo de Sousa apela aos portugueses que façam um novo esforço e "compreendam" que os sacrifícios "têm uma razão de ser".
"Ninguém está a pedir aos portugueses que façam sacrifícios ilimitados, porque isso não há, mas que compreendam que esses sacrifícios têm uma razão de ser que vêm de fora. E nós não controlamos", acrescentou.
Costa garante "foco": "Não nos deixamos distrair por outros fenómenos"
Antes de Marcelo Rebelo de Sousa, foi o primeiro-ministro que tomou a palavra, com desejos de boas festas e destacando a "relação cordial" com o Governo que tem marcado o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o futuro, António Costa apela a que as diversas instituições "deem as mãos e sigam juntas", principalmente nos momentos de crise, como o que os portugueses estão a viver.
"Nestes momentos, o que temos de fazer é dar as mãos e seguir juntos, lado a lado, nos caminhos que temos pela frente", sublinhou.
E, do primeiro-ministro fica ainda a promessa de atenção máxima aos problemas, "sem distrações" com "outros fenómenos", numa alusão às várias polémicas que marcaram a ordem do dia desde que o Governo tomou posse, em março.
"Aquilo que está nas nossas mãos é procurar mitigar e minorar, o que exige muita atenção à realidade. Foco nos problemas efetivos das pessoas, das famílias e das empresas. Não nos deixamos distrair por outros fenómenos. Só essa atenção nos permite ir medindo e avançando", atirou.
A cerimónia terminou com uma fotografia do Governo com o Presidente da República, com desejos de um novo encontro em 2023 "vivos e de boa saúde".