Marcelo avisa Costa e pede "ano ganho": "Só Governo pode esvaziar estabilidade por erros ou descoordenação"
Marcelo Rebelo de Sousa volta a avisar o Governo que "seria imperdoável se desbaratássemos" os fundos europeus e pede "responsabilidade absoluta" à maioria.
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O ano que agora se inicia "é um ano decisivo" e "mais importante até 2026, senão mesmo até 2030". Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República pede "coordenação e transparência" a António Costa para que 2023 "não comprometa os anos seguintes", depois de várias polémicas em dez meses de Governo.
Na habitual mensagem de Ano Novo, este ano a partir do Brasil, onde Marcelo se encontra para a tomada de posse de Lula da Silva, o chefe de Estado começa por lamentar que 2022 não tenha sido "o ano da viragem esperada, e entramos em 2023 obrigados a evitar que seja pior do que 2022".
"A guerra está ou não está para durar? Por quanto tempo, como e com que fim? Os custos vão diminuir ou vão aumentar? A pandemia, lá fora, converte-se mesmo, e, definitivamente, em endemia?", questiona o Presidente, sobre as incertezas que continuam em cima da mesa.
Embora sejam metas que não dependem apenas dos portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa incentiva à ação "para ajudar a encurtar a guerra" e, em relação à Covid-19, "prevenirmos o risco do regresso da pandemia".
"Estabilidade que só ele - ele Governo - e a sua maioria podem enfraquecer ou esvaziar
O país dispõe, no entanto, de uma "vantagem competitiva que é rara na Europa e no mundo democrático", ou seja, a estabilidade política com um Governo de maioria absoluta, que tem "responsabilidade absoluta".
"Estabilidade que só ele - ele Governo - e a sua maioria podem enfraquecer ou esvaziar, ou por erros de orgânica, ou por descoordenação, ou por fragmentação interna, ou por inação, ou por falta de transparência, ou por descolagem da realidade", atirou.
Marcelo Rebelo de Sousa aconselha o Governo a tirar proveito da guerra e da instabilidade noutros países "para atrairmos turismo e investimento externo", e volta a destacar que é preciso assertividade nos fundos europeus "que são irrepetíveis".
Um 2023 perdido compromete, irreversivelmente, os anos seguintes
"Ora tudo isto está ao nosso alcance. E nunca me cansarei de insistir que seria imperdoável que o desbaratássemos", reforçou.
Com uma legislatura que durará mais quatro anos, até meados de 2026, como António Costa já sublinhou com um polémico "habituem-se", o Presidente avisa o Governo que "de nada servirá a consolação de nos convencermos de que ainda temos 2024, 2025 e 2026 pela frente" se 2023 for um ano "perdido".
"Um 2023 perdido compromete, irreversivelmente, os anos seguintes. Até porque será o único ano, até 2026, sem eleições nacionais ou de efeitos nacionais. 2024, 2025 e 2026 serão um longuíssimo período de constante campanha pré-eleitoral e eleitoral", acrescentou.
Marcelo apela, por isso, a que o ano que agora começa "seja um ano ganho" até porque "já basta o que não depende de nós para nos preocupar ou amargurar".
"Não desperdicemos o que só de nós depende. Depois de quase dois anos de pandemia e quase um ano de guerra, é tempo de voltar a sonhar", concluiu.
Atualizado às 20h09