"Tenho a sensação de que houve laxismo." Marcelo "preocupado" com evolução da Covid-19
Num frente a frente com Tiago Mayan Gonçalves, o Presidente da República reiterou a importância da renovação do estado de emergência.
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Marcelo Rebelo de Sousa assume que está preocupado com a evolução da Covid-19 em Portugal. No debate para as eleições presidenciais, frente a Tiago Mayan Gonçalves, o Presidente da República admitiu que pode ter havido "laxismo" na época festiva.
O chefe de Estado vai propor a renovação do estado de emergência por mais oitos dias, até 15 de janeiro. Uma medida justificada para "olhar para os números com atenção" e ouvir os especialistas.
"Temos de olhar para os números com atenção e ver se não vão galopar. A sensação que tenho é que houve um laxismo. Isso obriga a que a renovação seguinte seja atenta a essa evolução", explica.
Quanto há hipótese de um confinamento mais apertado, já admitido pelo Governo do Reino Unido, Marcelo Rebelo de Sousa lembra que o objetivo é evitar, "até ao limite", a implementação de medidas cerradas. Ainda assim, assume que é imprescindível ouvir a opinião dos especialistas.
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O estado de emergência contou sempre com o voto contra da Iniciativa Liberal, e o Presidente da República garantiu a Mayan Gonçalves que sem a sua implementação, os números da pandemia estariam piores. "A área política de onde vem o senhor candidato votou praticamente sempre contra o estado de emergência. Não deixa de ser uma ironia falar dos mortos Covid e não-Covid quem se opôs sempre à declaração do estado de emergência."
Na resposta, Tiago Mayan considerou que "o Presidente da República escolhe desconfiar dos portugueses", passando "um cheque em branco ao Governo" e que o país "está a enfrentar a destruição económica e social".
Marcelo é o "propagandista do Governo"
Tiago Mayan Gonçalves voltou a acusar Marcelo Rebelo de Sousa de ser ministro da propaganda do Governo. O candidato da Iniciativa Liberal disse que o mandato do atual Presidente da República é um falhanço, até porque Marcelo só reage quando sente que a popularidade a baixar.
"Continuamente, Marcelo Rebelo de Sousa têm-se apresentado como propagandista do Governo. A única coisa que move o Presidente é a sua busca pela popularidade. Quando a popularidade baixa, começa a agir. Aí está pronto para tirar o tapete a ministros", disse, com um tom muito crítico à gestão do chefe de Estado.
O candidato da Iniciativa Liberal referia-se às palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que levaram à demissão de Constança Urbano de Sousa como Ministra da Administração Interna, depois dos fogos de 2017.
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O presidente da República e recandidato a Belém nota, no entanto, que intervém no momento certo e garante que lhe é indiferente a popularidade. "Na altura dos fogos intervim na condução, o mesmo agora quando se levantou o problema da justiça. Eu intervim porque os factos ocorreram naquele momento. Há uma coisa que é evidente para mim: é-me indiferente a popularidade."
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que, depois de cinco anos em Belém, é legítimo que os restantes candidatos tenham visões diferentes em várias matérias.
O Presidente da República tem sido criticado por não ter falado com a viúva do cidadão ucraniano assassinado, alegadamente, às mãos do SEF. Ainda assim, Marcelo assume que não faria nada diferente.
Público ou privado? Marcelo quis aferir "visão liberal" de Mayan
Aproveitando a preocupação com o aumento de surtos em lares, Marcelo Rebelo de Sousa questionou diretamente Tiago Mayan sobre como é que uma visão liberal da sociedade iria lidar com este setor, gerido maioritariamente por instituições particulares ou de solidariedade financiadas pelo Estado.
O candidato apoiado pela Iniciativa Liberal não se referiu diretamente à questão dos lares, mas lamentou que, "por preconceito ideológico", o Estado não esteja a utilizar "todo o sistema instalado de saúde", considerando que tal tem causado mais mortes.
Tiago Mayan Gonçalves garante que não interessa se os hospitais são privados ou públicos, o objetivo é apenas "acesso efetivo aos cuidados de saúde e não às listas de espera". "Os liberais são os únicos que não têm problemas em quem é o dono do hospital", garante.
Na discussão entre investimento público ou privado, Marcelo defendeu as políticas sociais, já Mayan afirmou que o liberalismo traz prosperidade.
As eleições presidenciais decorem a 24 de janeiro, com sete candidatos: Marcelo Rebelo de Sousa, Ana Gomes, João Ferreira, Marisa Matias, André Ventura, Tiago Mayan Gonçalves e Vitorino Silva.
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Notícia atualizada às 23h01