O chefe de Estado considerou que o grande problema dos políticos é a "descolagem das pessoas".
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O Presidente da República disse esta sexta-feira querer deixar como legado dos seus mandatos "a proximidade com as pessoas", admitindo que por vezes com o risco de uma competição "não desejada" com populistas.
"Se eu conseguir chegar ao fim do mandato tendo preenchido esse objetivo, posso não ter preenchido outros, mas esse está atingido, espero que os meus sucessores esse não percam e, naquilo que eu falhei, façam muito melhor do que eu", desejou.
Numa intervenção da Universidade de Verão do PSD, só ao fim de mais de duas horas é que Marcelo Rebelo de Sousa aceitou desviar-se do tema único que tinha definido para o jantar-conferência, a Ucrânia.
Por ter fugido a outras questões nacionais, como os problemas na habitação, a questão até lhe foi colocada de forma imaginativa: "Imagine-se como Presidente da Ucrânia, com um primeiro-ministro como António Costa e um líder da oposição reformador como Luís Montenegro. Imagine-se a meio do mandato, qual o legado que deixa às gerações futuras, como gostaria de ser lembrado?".
Desta vez, o Presidente da República considerou a pergunta "facílima de responder" e dispensou a metáfora ucraniana.
"O que eu gostaria de deixar, eu acho que provavelmente aquilo que talvez deixe é ter sido um presidente de proximidade", definiu.
O chefe de Estado considerou que o grande problema dos políticos é a "descolagem das pessoas", e disse ter feito "tudo o que era possível para responder a essa quebra, a essa desvinculação".
"Ter procurado a proximidade em todas as circunstâncias, às vezes com riscos, como seja o risco de, para se estar junto das pessoas, estar-se em competição com forças ditas populistas, uma concorrência não querida, não desejável, nem desejada", disse, justificando a necessidade de aparecer primeiro seja num fogo, num acidente ou num problema registado na administração pública.