Perante o cenário económico internacional, o chefe de Estado prevê que os próximos meses podem não ser os esperados.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta quinta-feira que teme uma nova "subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu", adiantando que em setembro esperava "uma folga".
Em declarações aos jornalistas, na abertura da Festa do Livro, nos jardins do Palácio de Belém, o chefe de Estado comentou os números mais recentes da inflação, afirmando que "há sinais internacionais que têm vindo a ser preocupantes".
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Apesar de considerar que, em comparação com a média europeia, Portugal está numa "situação muito melhor", Marcelo Rebelo de Sousa sublinha que o país é altamente influenciado pelo contexto internacional.
Por isso mesmo defende que "se a Europa continuar assim, o BCE possa ter a pressão para um novo aumento de juros", uma notícia que "não é boa para os portugueses" e para todos aqueles que têm créditos à habitação.
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Marcelo Rebelo de Sousa destaca ainda que "há economias muito importantes para apoiar o arranque da Europa" que estão numa situação "bem pior" do que a portuguesa, sendo que isso se traduz para Portugal numa realidade que não era a "desejada" para os últimos meses do final do ano.
"O que nos chega da Europa é que há países que têm mesmo uma situação económica de não arranque bem pior do que a portuguesa. Se for assim, isso significa que os meses do final do ano e começo do ano que vem podem não ser aquilo que nos desejaremos", considera.
Para responder à dura realidade económica, o Presidente da República defende que é preciso "tentar compreender o que está por de trás disso", avançando que, na sua leitura, a incerteza política - devido ao impasse com as eleições espanholas, as próximas eleições na Holanda, com eleições europeias para o ano e nos EUA - aliada ao aumento do preço dos combustíveis e à incerteza económica, deu origem "a um compasso de espera numa recuperação que se desejava mais rápida".
O chefe de Estado destaca ainda que as "previsões para o turismo na Europa são desfavoráveis", um setor que realça ter muito peso para a evolução da economia portuguesa.
"Neste momento, o Orçamento de Estado já vai numa fase muito avançada de elaboração, portanto, muito do que se está a pensar do que venha a ser o futuro vai cobrir o ano que vem. Pode ainda sentir-se neste ano e certamente que dentro do espaço disponível, vai haver a preocupação de poupar Portugal àquilo que seja indevidamente adicional e o Governo já anunciou que não tenciona utilizar uma parte dos empréstimos europeus ligados ao PRR", diz.
Sobre esta decisão do Executivo, Marcelo avança que existe "uma folga de dinheiro para utilizar no terreno", que, em 2024, "pode contribuir para compensar o que pode não chegar de exportações ou de turismo", concluindo, contudo, que aquilo que pode ser feito para "dominar a situação internacional é limitado".
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Sobre a possibilidade do aumento das rendas, Marcelo pede uma "análise cuidada" da evolução da inflação até ao fim do ano, afirmando que uma resposta aos números avançados pelo Instituto Nacional de Estatística esta quinta-feira, que preveem um aumento de 6,94% caso o Governo não ponha um travão,"só pode depender" dos valores que estarão disponíveis nos próximos meses.
"Exige ver a evolução da inflação até ao fim do ano. Vamos ver. Tudo isso tem consequências", atira.