Venezuela divulga vídeo da colisão com navio português e áudio das comunicações
Vídeos mostram imagens da colisão envolveu uma embarcação de bandeira portuguesa e um navio da marinha venezuelana.
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As autoridades venezuelanas divulgaram este sábado um vídeo editado que mostra o momento da colisão entre o cruzeiro de bandeira portuguesa Resolute e uma embarcação da Marinha da Venezuela, provocando o naufrágio da segunda.
Nas imagens é possível ver um tripulante do barco Naiguatá GC-23 a disparar, aparentemente para o mar, na direção do Resolute, enquanto uma voz ordena "que parem as máquinas". No plano seguinte vê-se o que aparenta ser a proa do navio português em colisão com o barco venezuelano.
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Num outro vídeo divulgado pela Armada Bolivariana, o comandante-geral da Marinha venezuelana, almirante Giuseppe Alessandrello Cimadevilla, alega que que o navio cruzeiro Resolute reconheceu autoridade à guarda costeira, mas recusou seguir ordens. Depois, "agride e atinge a nave venezuelana", afirma.
Este vídeo inclui áudios que revelam partes da comunicação entre as duas embarcações, onde as autoridades venezuelanas deixam um ultimato aos portugueses: "se não cooperarem faremos uso progressivo das nossas armas, de acordo com as normas internacionais."
Por sua vez, os tripulantes do Resolute pedem "desculpa" por estar em águas venezuelanas - estão apenas em trânsito para a ilha de Curaçau, e sublinham que não queiram "causar problemas".
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Em declarações à TSF depois deste incidente, o ministro dos Negócios Estrangeiros diz que é preciso apurar "as razões e os responsáveis" pela colisão entre o barco da guarda costeira Naiguatá GC-23, que provocou o naufrágio da embarcação venezuelana.
Segundo o o chefe da diplomacia portuguesa "há versões desencontradas" da mesma história: não há consenso sobre se o navio estava em águas territoriais venezuelanas ou águas internacionais e sobre a forma como foi prestado o socorro legalmente devido aos náufragos.
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Neste momento navio cruzeiro de bandeira portuguesa está no porto de Willemstad, na ilha de Curaçau, sob tutela das autoridades administrativas e judiciais holandesas, e Augusto Santos Silva garante que "Portugal colaborará, evidentemente, quer com a Venezuela quer com a Holanda no apuramento integral deste incidente".
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Segundo o Ministério da Defesa da Venezuela, o barco da guarda costeira realizava "tarefas de patrulhamento marítimo" no mar territorial venezuelano quando "foi atingido pelo navio de passageiros Resolute a norte da ilha de La Tortuga.
A Venezuela acusa ainda o navio Resolute de não ter atendido ao "resgate da tripulação, violando os regulamentos internacionais que regulam o resgate da vida no mar". A tripulação terá sido resgatada pelas autoridades venezuelanas.
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou mesmo o cruzeiro de bandeira portuguesa Resolute de ter realizado um ato de "terrorismo e pirataria", argumentando que "se tivesse sido um barco de turistas não teria tido essa atitude de querer agredir".
"É como se um gigante pugilista de 100 quilogramas agarrasse um menino pugilista e o golpeasse", frisou.
Por sua vez, a empresas Columbian Cruise Services, que explora a embarcação Resolute, garante que o cruzeiro de bandeira portuguesa foi "objeto de um ato de agressão" por uma embarcação da Marinha venezuelana em águas internacionais, enquanto fazia a manutenção de um motor.
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O Columbian Cruise Services disse ainda que "logo após a meia-noite" de segunda-feira (5h00 de terça-feira em Lisboa), "o cruzeiro foi abordado por um navio da Marinha venezuelana que, por rádio, questionou as intenções" da sua presença "e deu a ordem para o acompanhar" até Porto Moreno, na ilha venezuelana de Margarita.
"Como o RCGS RESOLUTE navegava em águas internacionais, o capitão queria reconfirmar esse pedido específico, que resultava num sério desvio da rota programada do navio, com a empresa DPA", afirma-se.
Enquanto "o capitão contactava o escritório central, foram feitos disparos de pistola" e o barco da Marinha venezuelana "aproximou-se do lado de estibordo a uma velocidade de 135° e colidiu deliberadamente" com o cruzeiro.
"A embarcação da Marinha continuou golpeando o arco de estibordo, numa aparente tentativa de fazer virar a cabeça do cruzeiro em direção às águas territoriais da Venezuela", acrescenta-se na mesma nota.