O fotojornalista Mário Cruz, distinguido com um prémio World Press Photo explicou à TSF quem são as crianças que fotografou no Senegal.
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As protagonistas da fotografia premiada são crianças, senegalesas e guineenses, com idades "entre os 5 e os 15 anos", vítimas de trabalho infantil no Senegal.
Segundo o fotógrafo, "são escravizadas diariamente por lideres religiosos muçulmanos" e "não vivem, sobrevivem".
Mário Cruz relata que "as ameaças são constantes, 24 horas por dia. Ameaças físicas e violações. Muitas delas nem sabem qual é o país de origem e quem são os seus pais". Estas situações podem durar "muitos e muitos anos", acrescenta o fotógrafo.
Quando partiu para este projeto pessoal de fotografar crianças no Senegal, Mário Cruz "pensava que estava preparado para o que ia encontrar", mas hoje revela que não deixou de "ficar chocado e surpreendido coma dimensão do problema".
Diz que ficou "chocado com a indiferença que existe" para com estas crianças e afirma esperar que o prémio possa dar mais atenção ao problema. "Espero contribuir para terminar com as injustiças que têm acontecido no Senegal".
Sobre o momento atual da fotografia jornalística, o repórter da agência Lusa lamenta que, em Portugal e no estrangeiro, o fotojornalismo não seja uma aposta dos órgão de comunicação social.
Considera que "é muito difícil publicar uma reportagem, uma história, seja em que órgão de comunicação" e defende que "isso tem alguma urgência em mudar".
Mário Cruz conclui: "Quero acreditar que as coisas podem melhorar porque acredito que a fotografia é tão ou mais importante do que era há uns anos".