Antigo ministro das Obras Públicas do governo PS diz que todos os estudos que viu diziam que o melhor caminho seria construir um novo aeroporto que substituísse o atual. Montijo é má solução.
Corpo do artigo
O antigo ministro das Obras Públicas do primeiro governo de José Sócrates, Mário Lino, envolvido na defesa do aeroporto na Ota e depois na escolha de o construir, afinal, em Alcochete, acredita que o Montijo é, agora, uma opção "coxa".
Para o ex-governante socialista é evidente que o atual aeroporto de Lisboa esgotou a capacidade e é preciso alguma solução. O Montijo é melhor do que nada, mas pelos estudos que viu quando esteve no governo esta não é uma opção "racional" e arrisca-se a durar pouco tempo.
Mário Lino explica que ter dois aeroportos de pequena/média dimensão tão perto obriga a custos acrescidos com malas e pessoas de um lado para o outro, pelo que os estudos que havia e consultou "diziam que era uma solução não racional".
Além disso, na altura também se concluiu que a pista do Montijo não tem capacidade para receber aviões de longo curso, pelo que se existe algum problema na Portela será preciso desviá-los para o Porto ou Faro.
Finalmente, Mário Lino admite que os pássaros que andam, sobretudo no inverno, na Reserva Natural do Estuário do Tejo podem acabar por parar a ida dos aviões civis para o Montijo.
Com algum humor, o antigo ministro recorda que "a zona é de migração e se se concluir que passam ali milhares de aves durante um mês ou dois não se podem dar tiros para as espantar todas ou andar com os aviões no meio dos pássaros".
Razões que, todas juntas, mas sobretudo a irracionalidade de não ter um único grande aeroporto em Lisboa, levam Mário Lino a defender que, mesmo com a crise, Alcochete seria uma melhor opção, apesar do antigo ministro socialista acreditar que o governo está a estudar todos os problemas e condicionantes envolvidos.
Sobre a polémica frase "jamais, jamais", dita em 2007, contra um aeroporto na margem Sul, Mário Lino sublinha o que já disse muitas vezes: "A frase não é minha. Apenas citei reputados ambientalistas".