O ex-presidente da República, Mário Soares, considera que Portugal está "à rasca" e é preciso agir em conformidade antes que seja tarde demais.
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No artigo de opinião, que assina todas as semanas no Diário de Notícias (DN), Mário Soares diz que apesar da energia e dos esforços do primeiro-ministro, o melhor mesmo é partir para eleições antecipadas, justificando que pior que entrar desde já em campanha é manter o Governo em lume brando.
O patriarca socialista olha para a actual situação política do país e fala num «atoleiro» de onde só é possível sair com uma alternativa coerente, eficaz e estruturada.
Mário Soares olha para os últimos dias e analisa o impasse, defendendo que é preciso informar completamente os portugueses critica o Presidente da República por ter omitido no discurso de tomada de posse as raízes internacionais da crise.
«Uma falha inaceitável», considera Soares.
Mas reserva para o camarada de partido José Sócrates as críticas mais acessas.
Ressalvando o zelo patriótico e a energia «absolutamente excepcional» do primeiro-ministro, Mário Soares diz que Sócrates cometeu erros: não tem feito uma pedagogia da austeridade, nem informa os portugueses sobre a real situação do país.
Quanto ao anúncio do PEC4 sem informar o Presidente da República, o Parlamento e os parceiros sociais, José Sócrates teve ou «esquecimentos imperdoáveis» ou «actos inúteis», mas certo é que este comportamento vai sair caro ao primeiro-ministro.
Perante o impasse na situação política, Mário Soares considera que este é o pior momento para uma campanha eleitoral, feita de culpas atiradas de uns para os outros, e que o mais provável é que o quadro político se mantenha mesmo depois de eleições.
Ainda assim, o patriarca socialista considera que se Cavaco Silva não provocar eleições, o Governo e o PSD vão ficar a fritar em lume brando sem qualquer vantagem para o futuro.