O antigo Presidente da República, Mário Soares, disse hoje que na sua idade protagonismo é coisa que não lhe interessa muito, considerando que já teve «o suficiente no passado».
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Questionado sobre a crítica indireta que o primeiro-ministro lhe fez, quando disse estar habituado a que algumas figuras políticas queiram assumir protagonismo em datas especiais, Mário Soares começou por dizer que se tratou de uma frase de Passos Coelho que não queria comentar.
Perante a insistência dos jornalistas, no final de uma conferencia organizada pela revista Visão intitulada "Conversas às quintas com a Visão", que decorreu no Museu da Eletricidade, o antigo chefe de Estado acabou por referir que na sua idade já não está muito interessado em protagonismo.
«Cheguei a uma idade em que protagonismo já não é uma coisa que me interesse muito, como imagina. Já tive o suficiente no passado», declarou, recusando, contudo, a ideia de ter ficado «zangado» com as palavras do primeiro-ministro.
A acusação indireta de Passos Coelho foi feita quando questionado sobre a decisão de Mário Soares e do socialista Manuel Alegre de não comparecerem nas comemorações oficiais do 25 de Abril em solidariedade com a Associação 25 de Abril, que integra alguns dos chamados 'capitães de Abril' e esteve ausente da cerimónia no Parlamento por estar contra a política seguida pelo Governo.
Os jornalistas interrogaram ainda Mário Soares sobre o discurso do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na sessão solene do 25 de Abril, mas o antigo chefe de Estado disse não querer fazer comentários, argumentando ser conselheiro de Estado.
«Eu sou conselheiro de Estado por inerência e, portanto, entendo não dever falar sobre o senhor Presidente da República, nem estar a fazer comentários sobre o que faz o senhor Presidente da República», sublinhou.
Sobre a forma como passou o dia 25 de Abril, Mário Soares adiantou que esteve em casa e assistiu «a algumas coisas» das comemorações pela televisão.