O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa garante que a Maternidade Alfredo da Costa estará a "funcionar normalmente, sem quaisquer constrangimentos" até terça-feira, 13 de setembro.
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Afinal, a Maternidade Alfredo da Costa (MAC) já não vai encerrar o bloco de partos na sexta e na segunda-feira, tal como estava previsto.
"Informa-se que o Serviço de Urgência de Ginecologia e Obstetrícia da Maternidade Dr. Alfredo da Costa estará a funcionar normalmente, sem quaisquer constrangimentos, até às 00h00 de terça-feira, dia 13 de setembro, como, aliás, se pode verificar no Portal do SNS", lê-se numa nota enviada pelo Centro Hospitalar Universitário de Lisboa à TSF.
Esta manhã, o jornal Público dava conta de que o bloco de partos da MAC iria fechar entre as 09h00 desta sexta-feira e as 09h00 de sábado e, depois, a partir das 09h00 de segunda-feira da próxima semana, por falta de médicos para completarem as escalas de urgência. No entanto, de acordo com a informação atualizada no Portal do SNS, o encerramento já não vai acontecer, estando a funcionar até às 00h00 de terça-feira.
O jornal escrevia que apenas 44 dos 55 médicos especialistas e 16 internos estavam disponíveis para fazer serviço de urgência. Além disso, dos 44, três estavam de licença de maternidade e oito tinham escusa do horário noturno por terem mais de cinquenta anos, estarem doentes ou se encontrarem com horário de amamentação.
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O Público sublinhava ainda que dos 29 especialistas que fazem noite, 14 têm mais de 50 anos, e não estão, por isso mesmo, obrigados a fazer urgência durante a noite, seis estão a tempo parcial e duas médicas estão com licença de amamentação.
Contactada pelo diário, a administração da MAC garantiu que a situação se complicou em agosto, na medida em que os médicos, quer os seniores, quer os internos, se recusaram a fazer mais horas extraordinárias do que aquelas que estão obrigados por lei, ou seja 18 horas por semana, mesmo depois de ter sido aumentado o valor da hora suplementar.
Ainda ao jornal Público, a administração da MAC acusou os médicos de resistência e de falta de boa vontade.
Em agosto, o bloco de partos da MAC já tinha estado fechado durante três dias. Em setembro, as portas já foram encerradas dois dias.
"Problema que necessita de medidas estruturais e de negociação séria com sindicatos"
O presidente do Sindicato Independente dos Médicos acusa o governo de falhanço e diz que a Maternidade Alfredo da Costa não é caso único. Jorge Roque da Cunha defende, em declarações à TSF, que é urgente conhecer o novo titular da pasta da Saúde para que sejam tomadas as medidas necessárias.
"Falha, fundamentalmente, a capacidade de o Governo inicialmente ter reconhecido o problema, que tem se vindo a acumular, depois a segunda atitude foi tentar mitigar a sua existência e hoje a verdade é que não só a MAC está com este constrangimento", afirma, alertando para problemas "sérios" também no Hospital de Setúbal, no Hospital Garcia da Orta e no Hospital Fernando da Fonseca.
"O problema, como nós temos alertado, é um problema que necessita de medidas estruturais e de uma negociação com os sindicatos que terá de ser séria, célere e rigorosa. Infelizmente, houve uma opção do senhor primeiro-ministro de não indicar o titular da pasta, mas a verdade é que com isso está a atrasar um processo que tem de ser ultrapassado", considera.
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Jorge Roque da Cunha diz que estes encerramentos provam que o novo regime remuneratório de médicos nas urgências não é solução.
"A verdade é que, como repetidamente temos exigido, é essencial que o Governo encare a necessidade de investir no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Não estamos aqui só a falar de salários, estamos a falar de condições de trabalho. Neste momento, os equipamentos que existem no setor privado são mais sofisticados e mais interessantes do que aqueles que existem no SNS; apoio à formação dos médicos, porque sem capacidade de atrair médicos no SNS, vai continuar a acontecer estas carências e, por isso, é fundamental que o Governo governe na saúde com rigor para rapidamente encontrarmos uma forma de mitigar este problema", acrescenta.
* Notícia atualizada às 12h41