Na TSF, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, defendeu que a matriz de risco, que tem em conta o Rt e a taxa de incidência, "tem muito a ver com a pressão que havia sobre o SNS e já não se adapta ao momento atual".
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O bastonário da Ordem dos Médicos defende uma revisão da matriz de risco da Covid-19 em Portugal. O gráfico resulta da junção de dois indicadores: a incidência de novos casos por 100 mil habitantes e o índice de transmissibilidade do coronavírus, o chamado Rt. Os critérios foram estabelecidos pelo Governo para avaliar o avanço ou recuo do plano de desconfinamento.
Em declarações no Fórum TSF, Miguel Guimarães considera que os cálculos devem ter uma nova fórmula, porque esta já não se adequa à presente fase da pandemia no país. O bastonário dos médicos diz que a pressão nos serviços de saúde já não justifica a atual matriz de risco e, por isso, é preciso alterá-la.
"Neste momento, temos uma matriz que é baseada apenas em dois fatores, ou seja, no Rt e no número de infetados por dia, que são dois fatores importantes e que tinham muito a ver com a pressão que havia sobre o SNS e nomeadamente sobre os hospitais", explica o bastonário.
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Segundo Miguel Guimarães, esta matriz "serviu muito bem até um determinado ponto", mas "não se adapta ao momento atual", sendo esse "um problema de quem está a gerir a pandemia". "Neste momento, esta matriz devia ser adaptada à nova realidade", afirma.
É também essa a proposta de Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que acredita que, daqui a 15 dias, o concelho de Lisboa vai atingir os 240 casos por 100 mil habitantes, afirmando que se a matriz não for alterada, a capital dificilmente vai escapar a um retrocesso no desconfinamento.
O investigador, também ouvido no Fórum TSF, defende a necessidade de rever a matriz de risco tendo em conta o avanço da vacinação, revelando que essa é uma discussão que já está a ser feita há algum tempo.
"A razão prende-se essencialmente com a mudança do próprio risco em si. Nós antes, não tendo uma população protegida, tínhamos o risco dos mais idosos e dos vulneráveis e, portanto, o risco de proliferar a contaminação da doença causava uma pressão hospitalar e uma alta letalidade. Passando essa fase, o risco já tem uma outra composição", explica.
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O Fórum TSF desta quarta-feira debateu os planos para o combate à pandemia, que passam pelo aumento da testagem e pela antecipação a nível nacional da vacinação das faixas etárias dos 40 e 30 anos. Nesta altura, as atenções estão sobretudo centradas na região de Lisboa e Vale do Tejo, com três freguesias que ultrapassaram a linha vermelha de 120 casos de Covid-19 por cem mil habitantes.
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