Medialivre avança com despedimento coletivo de pelo menos dez trabalhadores, "mas podem ser mais"
O Sindicato dos Jornalistas considera que a comunicação da decisão na véspera do Dia do Trabalhador é "uma afronta"
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O Sindicato dos Jornalistas (SJ) denunciou esta quarta-feira que o grupo Medialivre, que detém títulos como Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios e revista Sábado, vai avança com um despedimento coletivo de pelo menos dez trabalhadores.
À TSF, o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Simões, afirma que ainda não tem a certeza de quantos trabalhadores são afetados pelo despedimento coletivo, mas o número pode ser maior.
"Em nome de um dito processo de modernização e adaptação de estrutura produtiva, a que chama, e o nome é curioso, Projeto Alfa. Supostamente implicaria uma tranquila evolução. De tranquilo isto tem muito pouco ou nada, porque chamam 15 pessoas na véspera, algumas com trabalhos marcados, outras de férias, outras de folga, para lhes comunicar que não contam mais com eles. E atenção, mas a Medialivre é, não sei se na maioria ou em parte do seu capital, detido pelo Crisitiano Ronaldo, essa figura com contornos mediáticos muito fortes", aponta.
Luís Simões diz que este processo é muito violento: "Acho que anunciar uma coisa destas com um processo que as pessoas foram avisadas ontem, feito à pressa e na véspera do 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, é muito mais do que uma afronta aos trabalhadores e um processo que nós consideramos inaceitável. Eu recordo que a Medialivre tem ano após ano apresentado resultados positivos. Recordo que tem trabalhadores com uma dedicação total à empresa que todos os dias trabalham mais horas do que deviam, que dão tudo àquela casa e são os que vão embora avisados com horas de antecedência que têm uma reunião com os recursos humanos ou seja com quem for. Na véspera do 1.º de Maio, sem se pensar na situação de todas aquelas pessoas, acho que é uma violência."
Em comunicado, a estrutura sindical revela que a decisão foi comunicada aos trabalhadores na véspera do 1 de Maio, considerando "uma afronta" que "não é inocente". O despedimento coletivo será direcionado a fotojornalistas.
"O despedimento de jornalistas é grave o suficiente, ainda por cima num grupo que diz dar lucro, para dispensar a diatribe insultuosa de o comunicar na véspera do 1 de Maio. O SJ apela a que todos os jornalistas para que se mobilizem: em solidariedade com os camaradas da Medialivre, juntem-se amanhã ao bloco do Sindicato dos Jornalistas na manifestação do 1 de Maio de Lisboa, que parte às 14h30 da Praça do Martim Moniz", pede o sindicato.
A estrutura sindical garante apoio jurídico gratuito aos trabalhadores afetados.
