Medicamento usado para emagrecer? Médicos terão de indicar "com clareza" que é para a diabetes
Fármaco indicado para a diabetes tipo 2 está a ser usado para o excesso de peso. Ministro da Saúde não está preocupado com as "dificuldades no abastecimento", porque há no mercado alternativas similares.
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O ministro da Saúde revelou esta segunda-feira que a prescrição de um medicamento para a diabetes tipo 2 vai ficar mais rigorosa para evitar que os fármacos sejam dispensados a pacientes que não sofram desta doença. A garantia é dada depois de a TSF ter noticiado que um destes medicamentos, que atravessa um período de escassez, estava a ser usado para perder peso.
"Evidentemente, se temos um medicamento que está a ser usado de forma desproporcionada, sem a indicação adequada, temos de introduzir mecanismos de correção", disse Manuel Pizarro, em declarações aos jornalistas no IPO do Porto. Esse mecanismo de correção, precisou, passará por "uma indicação clara no processo informático de prescrição".
"Obrigaremos [os médicos] a indicar com clareza que se trata para o tratamento da diabetes tipo 2 porque é para esse tratamento que está indicado", disse.
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O ministro declarou ainda não estar preocupado, do ponto de vista clínico, com os problemas no abastecimento de um medicamento em específico para a diabetes, uma vez que, "felizmente, existem no mercado alternativas praticamente iguais, medicamentos do mesmo grupo terapêutico e com graus de eficácia praticamente similares". E, por isso, "não há nenhum risco de descontinuidade do tratamento eficaz".
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À TSF, no passado dia 14 de outubro, o Ministério da Saúde e o Infarmed afirmam estar "a acompanhar" a situação "no sentido de garantir a adequada utilização do fármaco indicado para o tratamento da diabetes", adiantando que a Comissão Nacional de Farmacêutica e Terapêutica se encontrava a elaborar uma orientação sobre a utilização do fármaco em causa.
Acrescentava ainda a nota que o medicamento "atravessa um período de escassez", que decorre de "um enorme aumento de procura registado em Portugal e a nível mundial". Estes problemas de escassez registam-se em todos os mercados europeus e nos EUA, uma situação que "deverá continuar em 2023".
As declarações do ministro desta segunda-feira tranquilizam os pacientes, diz o presidente da Associação Protetora dos Diabéticos, que alerta, no entanto, que mesmo as soluções alternativas começam a ter problemas no abastecimento.
"Também os medicamentos similares avisaram já que se aproximarão da rutura e que também já há dificuldade de abastecimento", afirma José Manuel Boavida à TSF, assinalando que a prescrição fora da indicação da diabetes também está acontecer nestes fármacos. "É um problema mais global", acrescenta, assinalando como "fundamental" o passo dado pela tutela, mas que não "resolve a questão".
Além disso, questiona: "Como é que se responde às pessoas que vão, para além da diabetes, com obesidade e que vão querer usar este medicamento? Vão pagá-lo por inteiro? De que forma?".
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