O fármaco, usado sobretudo para a hipertensão, é considerado um "medicamento fundamental" pela autoridade de saúde.
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O Infarmed confirmou que o medicamento Inderal vai voltar, entre esta terça e quarta-feira, às farmácias portuguesas, mas com rótulo espanhol e folheto em português.
O fármaco, esgotado há várias semanas, é usado sobretudo para a hipertensão, mas também para o controlo de arritmias, angina de peito ou ansiedade. Considerado um medicamento fundamental pela autoridade de saúde, a alternativa encontrada foi a venda do produto com rótulo espanhol.
Mais de 800 fármacos, incluindo o Inderal, estão, neste momento, em rutura em Portugal, segundo o Jornal de Notícias. No entanto, de acordo com o Infarmed, a esmagadora maioria pode ser substituído por outros medicamentos disponíveis nas farmácias.
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Escassez de medicamentos? "O problema está no preço"
Contactada pela TSF, a Apifarma, a Associação da Indústria Farmacêutica não aceitou falar sobre as falhas de medicamentos no mercado, nem sobre as negociações com o governo, mas remete para um comunicado.
O texto responde a ambas as questões com o mesmo argumento: o custo de fabrico de muitos medicamentos está desadequado do preço de venda, e por isso alerta para "a urgência de atualizar os preços dos fármacos".
A indústria farmacêutica recorda que "a inflação tem agravado os custos de produção dos medicamentos" e sem respostas urgentes, ou seja, sem aumento dos preços, "pode haver riscos de falhas no fornecimento, mas também há fármacos que podem ser descontinuados", deixar de ser fabricados, por serem demasiado baratos.
Um problema que não é novo nem se restringe ao mercado nacional. O Inderal, por exemplo, o medicamento para a hipertensão que tem estado esgotado há várias semanas nas farmácias, é vendido ao público por custa 1,5€.
O mesmo comunicado sublinha que a Apifarma "está disponível para negociar uma solução de equilíbrio" com o executivo, desde que não ponha em causa a sustentabilidade da indústria e de todo o sistema de saúde.
O ministro da Saúde afirmou esta semana que é preciso conter os gastos do SNS com medicamentos, "não podem continuar a aumentar ao ritmo de 10% ao ano". Manuel Pizarro reconheceu que as negociações com a Apifarma, que começam em novembro, serão "muito exigentes".