O Governo português quer contratar 300 médicos, num protocolo com o Governo cubano.
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Juan Loy Santa Marina chegou a Portugal em 2011 quando o Governo celebrou o primeiro contrato com o Estado cubano. Esteve cinco anos em Portugal e regressou ao seu país. Voltou em 2018, primeiro para trabalhar em Lagos, depois em Monchique, onde se encontra. Nesta altura tem um contrato de trabalho por três anos, celebrado com a Administração Regional de Saúde do Algarve (ARSAlgarve).
Até há um mês, Juan era o único médico no Centro de Saúde de Monchique e tinha a seu cargo 5.700 doentes. Desloca-se ainda às extensões de saúde de Alferce e Marmelete, duas freguesias do concelho. Em junho a ARS conseguiu contratar outra médica. No entanto, admite que provavelmente vai ficar com mais utentes na sua lista.
Quando veio pela primeira vez para Portugal, apesar de ter casa de graça e outras regalias, Juan tinha que dar grande parte do salário ao Estado cubano.
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"Era uma proporção de 80 para 20, 80% para o estado cubano, 20% para o médico", explica. "Não sei como vai ser agora este contrato", admite.
Este médico acredita que os 300 médicos cubanos que o Governo português pretende contratar têm boa formação. Em Cuba, desde cedo, na faculdade de medicina lidam com casos reais.
"Desde o segundo, terceiro ano habituam-se a trabalhar com o doente, a conhecer a sua história clínica", conta. Além disso, no terceiro ano de medicina, fazem uma formação em Medicina Familiar. "Acho que é uma preparação mesmo muito boa", diz convicto. "Agora em Cuba temos muita falta de medicamentos, exames, testes, que aqui temos, por isso para um médico é muito bonito trabalhar com este tipo de condições", afirma, garantindo que os colegas que vierem ficarão "muito contentes de estar aqui".
Nestes anos que leva de Portugal, Juan Santa Marina diz gostar da comida, "que não é muito diferente" da cubana, estranha o clima no inverno, "um pouco frio", mas o pior mesmo é a língua. "Às vezes pensamos que estamos a falar português e não estamos", diz a rir.