Alargamento dos testes a todos os contactos de risco é reclamado desde julho de 2020 pela Ordem dos Médicos
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A Ordem dos Médicos e o seu gabinete de crise para a pandemia reclamaram há meio ano que voltassem a ser obrigatórios os testes a todos os contactos de alto risco com casos de Covid-19. Em causa, na altura, em pleno verão, uma norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) que levantou críticas por tornar opcional algo que, na opinião dos médicos, devia ser obrigatório.
A norma dos rastreios de contactos - que ainda está em vigor - prevê que os testes "nos contactos de alto risco podem ser considerados" de acordo com a avaliação do risco pelas Autoridades de Saúde, "especialmente nas situações de surtos e em pessoas com exposição prolongada" ao infetado - "como, por exemplo, coabitantes" -, sobretudo, em espaços fechados e pouco ventilados.
Na terça-feira, depois da reunião do Infarmed, Marta Temido, explicou que pediu à DGS para reavaliar os critérios de testagem, mas foi mais longe do que aquilo que tem sido reclamado pela Ordem dos Médicos, admitindo e defendendo a testagem de todos os contactos, independentemente do seu grau de risco para "melhorar o nível de rastreio", para que qualquer contacto com um caso positivo "beneficie de um teste. A ministra sublinhou que "hoje estamos em condições de testagem muito superiores, sem limitação logística".
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"Para nós, que defendemos em julho esta intervenção, isto significa que todos os contactos de alto risco de um caso confirmado serão testados automaticamente, até para percebermos se foi algum desses contactos que originou o caso confirmado, quebrando cadeias secundárias que não se quebram sem que esse teste seja feito", diz à TSF Filipe Froes, coordenador do Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos.
Atualmente, estes contactos só fazem o teste se existir uma decisão concreta das autoridades de saúde, nas condições previstas pela norma, com o pneumologista a sublinhar a importância desse diagnóstico, que dá "um muito maior controlo da situação, evitando cadeias secundárias de transmissão e identificando indivíduos assintomáticos que possam estar a disseminar a doença na comunidade".
Até agora, os contactos de risco ficavam isolados durante 14 dias e só faziam teste se apresentassem sintomas.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Virologia também diz que a mudança em estudo pela DGS, a pedido do Governo, "faz todo o sentido". Paulo Paixão refere que a norma da DGS em vigor não previa o teste de todos os contactos de risco, "uma falha que devia ter sido corrigida há mais tempo", até para evitar contágios dentro das famílias.
"Mesmo fazendo a quarentena, sem teste, não sabemos se ficaram ou não infetados, o que pode gerar novas cadeias de transmissão", explica o especialista, que sublinha que há meses que esta mudança é defendida.
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