Quase duas centenas de médicos do Centro Hospitalar do Algarve queixam-se que falta material básico, como seringas, agulhas ou luvas. Eles afirmam também que são frequentemente adiadas cirurgias programadas e existem atrasos nos exames complementares de diagnóstico. O antigo bastonário Pedro Nunes, responsável pela gestão, considera as críticas injustas.
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A carta é assinada por 183 médicos séniores do Centro Hospitalar do Algarve. Todos assistentes hospitalares, assistentes hospitalares graduados ou chefes de serviço.
Os signatários dizem que têm assistido de forma preocupada à degradação dos cuidados de saúde da população algarvia.
Frequentemente, sublinham os médicos, são adiadas cirurgias programadas por falta de material cirúrgico e existem ainda atrasos inaceitáveis na realização de exames complementares nomeadamente de imagiologia.
Na carta, dirigida ao presidente do Conselho de Administração, é sublinhado que os profissionais e os doentes, nomeadamente os doentes oncológicos e com doenças auto-imunes são confrontados com frequência com faltas de medicamentos.
São ainda habituais as faltas de material de uso corrente como seringas, agulhas e luvas, o que, segundo os médicos, leva ao descrédito dos serviços por quem os utiliza.
Os clínicos consideram que Pedro Nunes tem subalternizado os Serviços Hospitalares ao Serviço de Urgência, mas paradoxalmente, acrescentam, não se verifica qualquer melhoria na qualidade desse serviço, nomeadamente, em Portimão, onde se passam frequentemente situações ridículas ao melhor estilo dos Países em vias desenvolvimento.
Os 183 médicos dizem que muitos profissionais são confrontados com ameaças e chantagens por parte do presidente do Conselho de Administração.
Por isso, para além da preocupação com os cuidados de saúde, dizem ser este o momento para manifestar a sua indignação pela forma pouco dialogante e autocrática que caracteriza a relação de Pedro Nunes com os médicos deste centro hospitalar.
A carta, que foi entregue esta manhã ao presidente do Conselho de Administração foi enviada com conhecimento ao ministro da Saúde, ao bastonário da ordem dos médicos, ao presidente da comissão parlamentar de saúde e ao presidente da associação de municípios do Algarve.
Pedro Nunes diz que «mesmo com dificuldades o Centro Hospitalar do Algarve tem respondido a todas as questões», negando que não tem faltado o material de uso corrente.
Este responsável adianta que críticas surgem porque ele está a mexer contra interesses instalados, estando a haver um aproveitamento político da situação.