Médicos em Luta recusam encontro com ministra: "Quem tem de reunir-se são os sindicatos"
O movimento garante adesão a todas as reivindicações sindicais
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A representante dos 600 médicos, que subscreveram uma carta a apelar a um acordo nas negociações, recusa reunir com a ministra da Saúde. Ana Paula Martins mostrou disponibilidade para ter "uma aproximação realista" às reivindicações dos profissionais de saúde e já estar a tentar "encontrar um momento" para reunir com esses médicos.
No entanto, a representante do Movimento Médicos em Luta - promotor da carta enviada ao Ministério da Saúde - considera que é com os sindicatos que Ana Paula Martins tem de reunir. "Não nos compete reunir com a senhora ministra", afirma à TSF Helena Terleira. "A senhora ministra tem é que ouvir os sindicatos e chegar a acordo com os dois sindicatos", adianta ainda.
A especialista em Medicina Interna lembra que em cima da mesa estão reivindicações como o aumento dos salários, a revisão das grelhas salariais, a redução para as 35 horas, a reposição dos 25 dias de férias, a integração dos internos na carreira médica, entre outras. "Toda esta lista reivindicativa proposta pelos sindicatos, nós apoiamos e estamos dispostos a dar a cara e o nosso esforço de luta" para levar as duas partes a negociar.
A médica considera, no entanto, que a ministra da Saúde não mostra vontade de negociar e acrescenta que a gota de água para que tantos médicos tenham subscrito a carta foi o decreto-lei que prevê o pagamento extra a cada tranche de 40 horas de trabalho extraordinário: "Nós o que percebemos é que não há vontade de salvar o SNS." E assegura: "Da nossa parte também já não há vontade de darmos o que temos e o que não temos, gastar as nossas horas de lazer com a família para cobrir turnos, quando não vemos da outra parte vontade para dignificar a carreira médica."
Helena Terleira fala em falta de respeito e considera "ofensivo" e "desprestigiante para a classe" o respetivo decreto-lei. "Se calhar ele foi o espoletar para alguns de nós dizerem chega, basta! Se é este o respeito que têm por nós, não estamos disponíveis para mais", assevera.
A representante do Movimento Médicos em Luta acredita que, se as duas partes não chegarem a consenso em breve, a greve dos médicos marcada pela Federação Nacional dos Médicos para dias 23 e 24 do mês de julho terá grande adesão.