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O número de horas extraordinárias, permitido por lei, está a ser excedido, o que pode por em causa da saúde dos doentes e dos médicos. A denúncia é do sindicato dos médicos da zona Sul.
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Nos hospitais Garcia de Orta, em Almada, e Curry Cabral, em Lisboa, vários médicos atingiram, no primeiro trimestre do ano, o limite de horas extraordinárias fixado por lei para todo o ano.
Pilar Vicente , vice-presidente do sindicato dos médicos da zona Sul, disse à TSF que os médicos são forçados a trabalhar para lá do limite e são ameaçados.
«As pessoas estão a ser obrigadas, quando inclusivamente as administrações não têm o poder de obrigar os internos a fazer tantas horas extraordinárias. Eles ameçam, por exemplo com a não elaboração de contratos de trabalho no fim dos estágios. O que põe os mais jovens numa grande dependência destes conselhos de administração», denunciou Pilar Vicente.
A vice-presidente do sindicato refere que pode estar em causa a saúde dos doentes e dos próprios clínicos. Pilar Vicente admitiu, por isso, pedir uma inspecção à Autoridade das Condições de Trabalho.
«Na grande parte dos hospitais esses limites estão já a ser atingidos. No Garcia da Orta, os internos estão exaustos porque são obrigados a fazer dois ou três bancos por semana de 24 horas. No Curry Cabral a situação é idêntica», referiu.
«Já avisamos que a manter-se esta situação temos que pedir uma inspecção do Trabalho porque isto põe em risco não só a sua saúde [dos clínicos] mas também a dos doentes que estão a assitir», alertou Pilar Vicente.
Contactado pela TSF, o hospital Garcia da Orta reconheceu os constrangimentos, mas disse também que as escalas estão asseguradas.
Sem querer gravar declarações, a administração do hospital de Almada, garantiu o normal funcionamento do Garcia de Orta.
O mesmo é afirmado pelo Curry Cabral. A administração deste hospital assegura que as escalas estão asseguradas para os próximos meses e que em relação ao ano passado, os médicos até têm feito menos horas extraordinárias.
Já o sindicato independente dos médicos da região Norte reconhece que se os hospitais não recorressem às horas extraordinárias muitos serviços teriam que fechar.
Mas Jorge Silva, do sindicato, sublinha também que ultrapassar o limite das horas extraordinárias é uma prática ilegal.
A TSF quis saber também o que pensa o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, que admitiu carências de médicos e avisa que o problema não ficará resolvido, pelo menos até 2014.
Ainda assim, Pedro Lopes tranquiliza os utentes dos hospitais porque «dificuldades de gestão na área da saúde sempre houve».
Recentemente confrontada com o facto de muitos médicos estarem a ultrapassar o limite de horas extraordinárias permitido por lei, a ministra da Saúde dizia que nada é imposto aos clínicos.
Por norma, os médicos colaboram e aceitam ultrapassar o limite das 200 horas.