Médicos não podem "ser escravos do SNS". Bastonário alerta para agravamento da crise nas urgências
Miguel Guimarães recebeu os internos de ginecologia e obstetrícia e admite um agravamento dos problemas na especialidade nos próximos meses, se nada for feito.
Corpo do artigo
O Bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, reuniu-se, esta terça-feira, com os internos de ginecologia e obstetrícia para analisar a crise enfrentada pela especialidade.
Se nada for feito, o médico alerta para o agravamento dos problemas nos próximos meses. Em declarações captadas pela CNN Portugal, Miguel Guimarães admitiu que os médicos estão empenhados no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas não podem continuar a ser seus "escravos".
"Temo que, pelo facto de o Ministério da Saúde ainda não ter tomado decisões nesta área, setembro possa ser pior do que agosto e que, se calhar, o resto do ano não corra assim tão bem", anteviu Miguel Guimarães.
TSF\audio\2022\08\noticias\23\13_miguel_guimaraes_1_escravos
Na próxima segunda-feira, é a vez da Ordem dos Médicos receber internos de medicina interna, que também enviaram uma carta à Ministra da Saúde, mas que ficou sem resposta. "É lamentável que aconteça, sobretudo numa altura em que o SNS está numa situação difícil", considerou o Bastonário.
Os médicos internos de Ginecologia/Obstetrícia enviaram uma carta à ministra da Saúde no início deste mês (com cerca de 100 assinaturas) e, na semana passada, reiteraram a indisponibilidade para fazer mais de 150 horas extraordinárias por ano, tendo apresentado minutas de escusa de responsabilidade para quando não estão assegurados os mínimos adequados nas escalas de urgência.
Estes profissionais reúnem-se esta terça-feira com o bastonário da Ordem dos Médicos para discutir e analisar a crise atual que a especialidade enfrenta, nomeadamente a falta de condições de trabalho e formativas.