Médicos podem voltar a recusar fazer horas extra caso ministra não queira negociar
A médica Helena Terleira afirmou, em declarações à TSF, que "a maior parte dos clínicos faz mais do que 50 horas extra por mês".
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Por todo o país há médicos que estão a esgotar as 150 horas extra a que estão obrigados por lei. A situação mais grave é nos estabelecimentos mais pequenos, já que "habitualmente nos centros maiores os serviços, nomeadamente as urgências, funcionam muito à base de colegas que estão em prestação de serviços, vulgarmente conhecidos como tarefeiros", disse à TSF Helena Terleira, uma das porta-vozes do movimento Médicos em Luta.
Uma das novidades introduzidas pelo anterior Governo foi o regime de dedicação exclusiva dos médicos que o queiram, mas Helena Terleira garantiu que a medida não chega. "Os colegas que aderiram à dedicação plena têm obrigação de prestar 250 horas extra obrigatórias e não as 150, o que poderá fazer um pequeno delay. Nos hospitais pequenos esse atraso é de um mês, um mês e meio. Não é muito mais do que isso. A maior parte dos clínicos faz mais do que 50 horas extra por mês", explicou também à TSF.
Por agora, os sindicatos só se reuniram uma vez com a nova ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e o encontro deixou boas impressões, mas sem respostas concretas os médicos podem voltar aos protestos. No ano passado, a recusa em fazer mais horas extra lançou o caos no Serviço Nacional Saúde com serviços fechados por falta de profissionais por todo o país.
"Tentando ser otimista, nós temos esperança que quer o Ministério da Saúde quer a nova ministra percebam que têm de negociar. Se da parte dos sindicatos nos for transmitida a informação de que de facto não está a haver abertura para negociação, então aí é toda uma questão de voltarmos a acionar todo um processo. É muito mais fácil colocar em prática a nossa luta do que foi o ano passado, em que tivemos de começar todo um processo do início", sublinhou Helena Terleira.
O Governo prometeu apresentar um plano de emergência para a saúde dentro de um mês. Para já, mantém-se o esquema de rotatividade nos serviços de urgência mais carenciados de pessoal médico.